Flyer do Evento
Valeu Johni! ÊRAAAA!!!
Faz tempo que não coloco resenha de show gringo nessa bagaça. Também, pudera, ando mais duro do que pau de tarado e não tenho tanta grana para ficar investindo nesses luxos. Este ano fui só no Stiff Little Fingers, que a resenha que melhor resume o que foi o show você pode conferir no excelente blog do meu amigo Danillo Santos, o Inflamable Material (Link da Resenha: http://inflamablematerial.blogspot.com/2011/08/stiff-little-fingers-em-sao-paulo.html), e neste show o qual não só irei resenhar a apresentação da banda Cock Sparrer, como também as consequencias dos fatos relacionados a este evento.
Era, com certeza, o Show Gringo mais aguardado do ano. Afinal, a expectativa pela apresentação da banda era grande há anos, com os rumores e possíveis datas que eram apontados e depois esquecidos. Mas, com o flyer circulando, a alegria de ver esta clássica banda estaria garantida. Ao mesmo tempo que muita gente já começava a fazer circular os burburinhos de treta entre Punks e Carecas e Nazis e Cosplayers de punk e por aí vai. Era mais do que óbvio a circulação desses papos pela internet e pelo rolê em geral, afinal com certeza este evento juntaria Todos tipos de Punks e Skins imagináveis tudo em um mesmo local. Mas há quem tenha a mentalidade que o show é do Cock Sparrer, e não do público Brigando. Afinal, quem estava ali para ver o Cock Sparrer tocando por algumas horas esqueceu que era Punk, ou Careca, ou sei lá mais o que fosse. O que importava mesmo era o Show, era fazer valer o preço pago pelo ingresso.
Cheguei no local do show cerca de uma hora antes da apresentação da banda, programada para estar no palco ás 20 horas. Como já sabia que não seria boa ideia me envolver com qualquer galera que fosse, fui sozinho com um amigo Jornalista, aproveitando também sua carona. Desloco-me então para a fila e já comecei a ver os diferentes tipos que ali se posicionavam, todos convivendo em paz e cordiais entre si: Punks, Carecas, Street Punks, Trads, Sharps, ou simplesmente amantes do bom e velho Rock'n Roll. Do outro lado da rua, algumas bancas se posicionavam e não se largavam por nada neste mundo pois saberiam que alguma encrenca ali seria Iminente. Bancas de Street Punks, de Skinheads, e de... Neonazistas...
Quando, já na porta do Carioca Club, a poucos passos de adentrar no mesmo eu estava, vejo a banca de Neonzais Gritando e Levantando suas armas, como nas cenas de confronto de gangues de filmes. Afinal, chegavam quem eles estariam esperando: Os Punks e Skins antifascistas. Que estavam ali para ver o show também, porém por motivos lógicos de precaução e segurança resolveram colar num numeroso grupo para que, se acontecesse o que os rumores rezavam, ao menos estarem todos ali já preparados para o pior. O pior que aconteceu de fato.
Enquanto o corre-corre tomou conta da rua Cardeal Arcoverde, os presentes na fila aglomeravam-se para dentro do Clube, que já contava com uns resquícios de gás de pimenta, consequencia das cenas de guerra que reinava na rua. A porta do clube entreaberta, e eu, sufocado pelo gás e pela galera que se espremia ali dentro da bilheteria, esperando o aval da segurança pra liberar a entrada dos aglomerados, observava algumas pessoas correndo, se batendo, mas nada muito claro. O que deu para ver nesse meio tempo é que os Antifascistas, que estavam desarmados segundo fontes, foram recebidos a rojões, molotovs, facas e tacos de Baseball pelos fachos, e depois da explosão do primeiro rojão, explodiu o caos e eu fui conduzido pra dentro por quem não queria assistir ao quebra-pau.
Enfim, consigo adentrar ao clube meio apreensivo. Afinal de contas, amigos meus estavam ali naquela briga e por mais que eu evitasse tal situação, a preocupação sempre reinava em minha mente. Ligo para um amigo meu e ele me informa: "- O Johni foi ferido, foi parar no Hospital. Já já tô entrando e te explico melhor". Era sabido que alguém ia levar a pior nesta briga, mas não é nada agradável saber que um amigo está machucado e você ali no show se "divertindo".
O ambiente ali dentro era uma mistura de Paz com tensão: Gente que se odeia junta no mesmo lugar para ver uma banda que todos compartilham o gosto em comum. Todos ali dentro só queriam saber de uma coisa: Cock Sparrer. Só ali mesmo para você ver um careca pedindo "Licença, por gentileza" para um Punk Anarquista, no qual o mesmo dizia "Toda, pode passar", na maior finesse e espírito de cordialidade. Ninguém queria confusão ali dentro, apenas pular, cantar, pogar. Enquanto a banda não começava a tocar, uma discotecagem com os clássicos do OI! era o fundo musical para o Jogo de Futebol que passava no telão, entretendo os presentes. Estávamos em território inflamável, cheio de gasolina no chão, em que uma fagulha poderia colocar tudo para explodir. Mas de fogo ninguém queria saber, somente de cerveja. E por falar em cerveja, a luz se apagou, o telão subiu e a cortina se Abriu: Vai começar o show!
Nesse meio tempo, mais amigos iam entrando no show. Companhias que eu precisava ao menos para ficar ali do lado de dentro, para pogar junto, pular e agitar. Mas no semblante de cada um que entrava era visível apenas o sentimento de angústia, de dor, de preocupação com o ocorrido. Afinal de contas, por mais que estivessem ali dentro, a cabeça estava lá fora. Não há realmente como se divertir plenamente sabendo que um amigo está num pronto socorro, sangrando e ferido, sem saber se terá um amanhã para contar história. E esta angústia me contaminou. Mas não tirou em momento algum o brilho da apresentação da banda.
E os tiozões chegaram quebrando tudo com "Riot Squad", fazendo todo mundo pular que nem retardado e cantar verso por verso em inglês (ou tentativa de) e esquecer que o salão estava lotado e que haviam pessoas ao seu lado. Emendaram com "Watch your Back" mantendo a empolgação do público e atiçando ainda mais na seguinte música, a magnífica "Working". Veio então uma brilhante sequencia com "Sussed", "Get a Rope" e a clássica "Tough Guys". O Público presente parecia não acreditar no que estava vendo: era só clássico, um atrás do outro, sem encheção de linguiça, como ocorre na maioria dos shows Gringos. Parecia até que os caras da banda estavam adivinhando que aqui no Brasil pro show ser memorável tem que tocar aquilo que o público quer ouvir.
E tome "Argy Bargy", e dá-lhe empurra-empurra, bicuda e cotovelada, mas tudo na esportiva. Os hematomas são assunto para outra ocasião, o importante mesmo era cantar os refrões de "A.U.", "Chip on my shoulder" e "Running Riot", que não só fez a casa ir abaixo, como deu a marreta pro pessoal quebrar tudo na próxima, "I got your Number", uma das mais bacanas e aguardadas canções da noite.
O Show já tava com uma cara de "Do meio pro fim" quando "Because you're young" começou a ecoar pelo ambiente, e os mais velhinhos, ou sedentários mesmo, já procuravam as disputadas paredes do salão para se apoiar, mas continuar apoiando a banda, na cantoria a plenos pulmões. Eis que o Vocalista Collin McFaull anuncia a participação especial da noite: O Guitarrista Brasileiro Chris Skepis, que fez parte da banda nos anos 1980, para tocar... "Take 'em all"! E com 3 Guitarras! Era o peso a mais que faltava para que esse clássico abalasse as estruturas do Carioca Club, e com certeza era uma das canções mais esperadas da noite. E Encerraram a primeira parte do show com "Where are they now".
E show gringo que se preze tem que ter o Momento do BIS! Para este momento foram selecionadas as canções "Suicide Girls", a Óbvia, Indispensável, Épica, Magnânima e Ai-de-vocês-se-não-tocarem "England Belongs to me", que quem sabe da importância dessa canção nem precisa descrever como foi a reação e o êxtase do público a partir do primeiro acorde, e encerraram com "We're coming Back", deixando todo mundo com vontade de Mais 60 minutos de apresentação, e prometeram que logo logo estão de Volta para uma apresentação. Promessa é Dívida. Enfim, o Show em si foi Excelente!.
Na hora da saída, uma ingrata surpresa: Gás de pimenta na porta e na calçada para que o pessoal não ficasse ali "Embaçando", haja visto também o risco de um novo confronto, afinal tinha uma galerinha do mal de braços cruzados e com cara de cu, com camisetas que deixavam claro a posição política de extrema direita da meia dúzia, esperando alguém que fosse pra cima ou que eles pudessem prejudicar. Se foderam, não conseguiram nada e foram embora frustrados. Eu fui é pra minha carona para um ponto de ônibus bem longe dali para evitar cruzar com certos tipos ali presentes e fui pros braços da minha amada para uma festa de roqueiro doido.
No caminho para meu bairro, ligo para um amigo para saber de notícias do Johni. Fico sabendo então que Johni Fora esfaqueado, durante o confronto com os Nazis - aliás, ele foi um dos poucos que foram ali na linha de frente, mesmo sem nada, enfrentar os caras. Por mais que estivesse tudo bem, só restaria a todos descansar e aguardar por novidades. Novidades Péssimas que pipocam em mensagens de SMS em meu celular na fatídica manhã do dia seguinte. Todas diziam a mesma coisa: "O Johni Morreu". Era algo meio que esperado, mas ao mesmo tempo a gente preferia confiar em mais uma vitoriosa recuperação de nosso amigo. Mas desta vez, infelizmente, o revés foi definitivo.
Durante todo o dia, mensagens de Luto foram o fio condutor dos Facebooks da galera, não se falava em outra coisa. Aguardávamos por notícias sobre velório, enterro. E a mídia começava a afiar a faca para tirar mais sangue ainda desta história toda. Reportagens meio que superficiais da Globo e da Record foram os primeiros "Registros" do que aconteceu, mas o pior estava por vir.
Sou leitor assíduo do jornal "Diário de São Paulo", por causa do seu preço módico de 1 Real, seu formato de editoração e sua objetividade quanto ao assunto, sem deixar de ser informativo. Eis que abro o bendito Jornal, com a manchete sobre a Briga já devidamente estampada em sua capa e quando vou para a página correspondente á matéria me deparo com uma Manchete Sensacionalista que dizia: "Punk encrenqueiro é espancado até a morte por Skinheads". Lendo a matéria, deparo com informações completamente distorcidas, que diziam que ele era Nazista (e foi morto por um nazista, vê se pode), que era de uma Conhecida Gangue que é Unida com Carecas (Coisa que Johni Odiava), além de tachá-lo como se fosse mais um marginalzinho qualquer só por causa dos BO's anteriores que ele já tinha segurado, como o espancamento do "coitado" do estudante de 17 anos em 2007, que em 2009 jogou uma bomba na parada gay e no Meio deste ano Tentou assassinar moradores de Rua junto com sua gangue na pancada. Sim, o Estudante espancado pelo Johni era um Neonazista, perigoso e que está solto, pois a polícia e a justiça, naturalmente parciais em sentido á direita, fazem questão de favorecer mais ações deste tipo por parte dessas facções ridículas. Foi citado também o episódio que o Johni jogou um Ovo no José Serra. Enfim, a Jornalista (Ir)responsável pela matéria prestou um enorme desserviço á todos os leitores que compram tal publicação, por estar divulgando informações falsas.
Começou então no Facebook uma enorme campanha para que todos mandassem e-mails, ligassem na redação do jornal, infernizassem para que pudéssemos ter nossa voz enfim ouvida pelo jornal. A Jornalista que escreveu a matéria ligou para um amigo e marcou para a tarde do mesmo dia uma entrevista, a ser realizada por Outra jornalista mais competente e inteligente, digna de ser chamada de Jornalista, que foi realizada em minha loja aqui no Centro de São Paulo. O Diário de São Paulo do dia seguinte, apesar de não ter se retratado e ter assumido o erro, publicou uma matéria com todas as informações corretas e colocando as posições políticas de Johni da forma certa. E a Nova Jornalista Responsável (essa sim Responsável), além de nos ouvir, foi atrás da Família dele, comparecendo ao velório e obtendo informações fidedignas e verdadeiras, dando prosseguimento á cobertura do caso nos dias seguintes da forma correta e sem matar mais nenhuma vez nosso amigo.
Porém, lá vem os Gordos Gritões da hora do rush, Datena e Facciolli (ou FACHOlli), matarem nosso amigo a cada 5 minutos que passavam na telinha das donas de casa e dos cidadãos desinformados sobre o que é Punk e o que não é. O SPTV, da Globo, mostrou uma matéria sobre o caso e sugeriu aos telespectadores que, se vissem algum grupo de punks ou skinheads, denunciassem para o 181. Conhecidos recebendo ligações da polícia civil avisando que os shows Punks agora estão na mira das investigações... Começou então uma caça ás bruxas, uma temporada de assédio moral onde cada punk na rua é chamado de "Assassino", "Nazista", entre outras coisas.
Do lado nazista da história, Prenderam o sujeito que fora apontado pela principal testemunha, de acordo com as ultimas palavras de Johni, como o assassino do mesmo. Um cara que já foi punk e por causa de mulher começou a se envolver com a extrema direita e levar essa babaquice ás Últimas consequencias. E houve outra vítima também do lado dos Nazistas, mas que até o presente momento encontra-se internado em estado grave e a polícia procura o responsável (ou responsáveis) pela agressão que mandou o cara pro hospital. Resta Saber: Se pegarem o responsável pelas chapuletadas no Nazi, quem ficará mais tempo na cadeia? O Nazi, que tem as costas quentes e já aprontou um monte por aí, ou a pessoa que mandou o Nazi pra UTI?
Enfim, não estamos definitivamente em tempos favoráveis. Mas isso não quer dizer que podemos parar! A principal característica do Punk é justamente a resistência, e proporcionar mais cultura pras pessoas abrirem os olhos e exigirem seus direitos não é crime nenhum, diferente da carnificina promovida pelos Neonazistas todos os dias mas que ninguém dá a mínima. Violência nunca levou e levará a nada, mas a auto-defesa é necessária. E podem ter certeza: Se o movimento Punk existe há praticamente quatro décadas, não foi por causa da violência que ele continuou vivo e forte este tempo todo no mundo todo: Punk é cultura, é ação, é ativismo, é um estilo de vida. Violência é uma consequencia da ignorância das pessoas. E Punks Ignorantes, que praticam violencia gratuita, nunca foram bem vindos e não duram muito tempo. Daí migram pra grupos fascistas e o resto da história todo mundo já sabe. O Johni não era um anjo. Poderia até ser violento. Mas era uma violência de Revide. Revide contra os Nazifascistas, que fez de sua família em épocas de guerra se refugiar em outro país para não ser trucidada pelo regime. Revide contra o estado, que diante de uma ovada já fez coisa muito, muito pior não só com ele, mas com cada um de nós que paga imposto.
ÊRA PUNK! ÊRA JOHNI! VALEU POR TER FEITO SUA PARTE, O MOVIMENTO PUNK SERÁ ETERNAMENTE GRATO! UM ANARQUISTA NA PRÁTICA E GRANDE AMIGO!
Falou tudo, Feio.
ResponderExcluirAgora é fazer nossa parte, sem pensar em vingança e sem correr risco de perder outros amigos queridos. Vamos ir atrás desses caras para colocá-los onde eles devem ficar: Na cadeia, longe de tudo e de todos.
Viva Johni!
ResponderExcluirtriste fato... pena que sempre quem morre é um punk, detalhe: veja a ironia, jhony era um dos que defendiam a união de punk com skin... conclusão, foi arrastado para morte por um skin, e morreu pela mão de outro skin... sempre sobra pros punks... a historia mostra isso... mas uns punks desavisados não aprende mesmo...gostava tanto de skin que morreu pela mão de um... é sempre triste ficar sabendo da morte de um punk, ainda mais morto por esses pilantras, e mais ainda nas circunstancia que foi, mas na boa... show de banda OI! aki nunca deu certo... OI! aki é som pra careca mesmo... o que os punks foram fazer lá??? pensavam que estavam na europa??? só podia dar merda... nem pra morrer um careca... agora fica esses "novos" carecas da geração internet com um monte de discursinho politicamente correto na internet... na boa, punk não é careca... aki é o brasil e não a gringa... enquanto um punk morre, a banda skin cantava alegremente a morte do cara... que merda...
ResponderExcluirleia, pense, comente e se curtir, divuguem!
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/10/498077.shtml
O VOCALIXO DA BANDA EXCOMUNGADOS vulgo PEKINEZ GARCIA participou efetivamente de tudo isso e lançou uma musica em seu novo disco em homenagem ao amigo morto JOHNI! ÊRA JOHNI!
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