terça-feira, 27 de setembro de 2011

NEUROTIKAS FEST 3 - CESAR BAR, ITAIM PAULISTA, 11/09/2011

Flyer do baguio (Pensou que era o que, porra?)



E quem achava que as meninas do Coletivo Neurotikas tinham parado, desanimado, ou deixado tudo de lado se enganaram! Afinal de contas, esta gig da presente resenha marcou o Terceiro aniversário de Lutas, Ativismo e Ação Direta deste coletivo, muito invejado e criticado, mas que enquanto todos falam, elas vão lá e continuam fazendo.

Sim, o coletivo deu uma diminuída nas atividades, até porque no presente momento trata-se de um Trio, sendo que no primeiro aniversário do coletivo haviam 9 pessoas no mesmo. Observando desta forma, podem até pensar: A tendencia é acabar, é piorar, certo? ERRADO! O tempo passou e cada vez mais as meninas mostram que o que importa de fato na cena é Qualidade, e não quantidade. Pra quem queria saber delas (ou pro desprazer de quem torcia contra), esta Gig serviu pra mostrar a grandeza de coisas feitas com o coração e com toda simplicidade - Mas carregadas de sinceridade.

Esta gig foi realizada numa semana muito conturbada pelas tensões pós-Cock Sparrer. Como citado no post anterior, A mídia banhou a sociedade de groselha, cuspida da boca dos Gordos falastrões da hora do rush, que clamavam aos pais e mães que não deixassem seus filhos virarem Punks ou skins ou sei lá, falando com propriedade sobre assuntos que nada entendem. Passava-se por minha cabeça a seguinte dúvida: Será que vai dar merda? Será que vai ter polícia enchendo o saco? Por outro lado, pra que se preocupar com essas coisas se o que realmente importava ainda não estava ok: A aparelhagem?

A semana toda atrás de vários contatos, imaginando inúmeras possibilidades de como fazer com a parte da voz do evento. Eis que no dia anterior, o Babão, do Lokaut, consegue esta preza para nós e a PA de voz estava garantida, proporcionando maior qualidade ao evento. Agora restava só fazer o "pião" de levar os amplis de guitarra e baixo nas costas e esperar o dia chegar.

No dia do evento, logo cedo já estávamos lá para acertar direitinho os últimos detalhes do evento. O flyer apontava o início para as 13 hs, mas já estávamos cientes que a aparelhagem de voz só chegaria por volta das 16 horas. Neste meio tempo então, enquanto eu organizava o palco com o que tinha e metia discotecagem nas caixas de som, as meninas do Coletivo se empenhavam na montagem dos esquemas de cobrança, sinalização, Exposição de fanzines e mural de fotos,portaria e decoração do espaço - Sim, decoração e com bexigas, era uma festa acima de tudo, porra! E enquanto isso o público e as bandas foram chegando e se acomodando no Cesar bar, em suas simpáticas mesas e cadeiras improvisadas e se divertindo nas duas mesas de bilhar da casa dos punks da zona leste, sem falar do povo que aliviava a larica com o Rango Vegan trazido pela Ex-Neurotika Sarah.

Eis que umas 14:30, quando o barulho inofensivo da discotecagem era o único ruído relevante da casa ainda, surge uma viatura que encosta milimetricamente em frente ao Cesar Bar. Lá vai eu pra qualquer pai nosso da vida me identificar como responsável pelo evento, já ciente que como aquilo nunca aconteceu e nunca acontecerá jamais naquele local e horário, fui conferir o motivo da visita "Ilustre". O pracinha então me relata que foi uma denúncia causada pelo barulho (!) e que o evento teria que parar (e oficialmente nem tinha começado ainda). E lá vai eu ser simpático mas ao mesmo tempo realista com o policial pra explicar que a gente faz evento ali naquele local há quase três anos e que ninguém nunca denunciou e portanto não seria algo realmente procedente. Conversa vai, conversa vem, a viatura se vai, sob a ameaça de uma nova denuncia parar o som e recolher os equipamentos e três coisas passaram-se por minha cabeça: Ou aquela viatura foi mandada pela delegacia mais próxima, em virtude da caça ás bruxas promovida pela mídia; Ou alguém que já foi escarrado dali resolveu fazer isso para boicotar o evento, sem sucesso; Ou denunciaram de verdade mesmo mas quando ouviu o barulho rolando se sentiu derrotado hahaha.

Por volta das 16 horas então chega a aparelhagem de voz, que, montada rapidamente no palco onde o restante do equipamento necessário ja se encontrava montado, possibilitou á primeira banda que iniciasse sua apresentação tão logo os últimos ajustes fossem realizados. E o nome da banda que abriu o evento era... Coriza! Uma excelente banda que está se reerguendo com o novo Guitarrista Renato (ex- Caos Cerebral), que por mais que ainda não apresente tanta técnica como os guitarristas anteriores, está se adaptando muito bem á banda, que em contrapartida simplificou um pouco seu som, perceptível nas músicas novas apresentadas e reformulações de outras mais antigas, mas sem perder a pegada e a energia que fazem da apresentação da banda o legítimo convite ao pogo! Ótima apresentação. E vem demo nova por aí! No Aguardo!

Segunda banda a se apresentar, foi a vez do Subviventes, que fez o já cheio salão do Cesar Bar ir abaixo. Afinal esta banda quando toca também não deixa ninguem parado. E os ali presentes permaneceram do inicio ao fim da apresentação da banda, cantando junto os clássicos da banda e proporcionando uma cena meio que rara no cesar: Salão cheio e com todo mundo curtindo na paz. Muita gente chegou pra ver o subviventes um pouco mais tarde, mas a banda ainda tinha outro show em diadema algumas horas depois. Parabens pelo som e pela postura dos Subviventes!

Em seguida, foi a vez do Vingança 83. Apresentação Curtíssima, em razão de estarem com um baterista substituto, pela óbvia razão do batera deles não poder comparecer. Mas a apresentação não deixou a desejar e a galera presente curtiu o hardcore violento do grupo.

A quarta banda foi o Lokaut. E como todo mundo já sabe o que vou falar, dispensa apresentações. Mas este show em especial surpreendeu até mesmo o pessoal da banda, vendo o grande número de pessoas que participaram do show, cantando os sons da banda, subindo no palco, pulando e tudo o mais. Mais um passo dado por esta banda que soltou músicas do Novo CD pra galera ouvir na web, e que promete ser o melhor lançamento do ano.

Quinta Banda, mais uma vez a galera do Amnésia Coletiva veio de Jacareí para mais um show no Cesar Bar, porém, sem o batera Michu que não pode vir em virtude de uns compromissos de força maior. Mas o Cesar, nosso até então ex-guitarrista declarado que faria o ultimo show com o pé sujus logo em seguida segurou a bateria pros nossos queridos amigos. Esta é a vantagem de se gravar um split! Por mais que as músicas saíssem um pouco fora do tempo, coisa natural em improvisações e falta de ensaio, tudo correu bem e como o Chu estava atrasado como sempre, a banda foi metendo cover do punk nacional na cabeça do povo pra encher linguiça, afinal o repertório já havia sido encerrado hahaha.

Enfim, começa a última banda. E por mais que seja minha banda e que você fiel leitor pense que este blog é mais uma ferramenta de promoção da mesma (do jeito que tá parece mesmo haha), digo que foi uma apresentação Histórica. Já seria de qualquer forma, afinal seria o último show do Cesar, o integrante mais antigo da banda depois de mim. Mas foi Surpreendente. Após tocar a primeira música, quando anunciei a segunda ele me toma o microfone e começa a discursas, falando do amor que tem pela banda e coisa e tal, aquela pieguice de quem deixa a banda. Eis que ele diz que permanecerá na banda, e eu ao mesmo tempo não sei se enchia ele de porrada ou se dava um abraço nele. Na dúvida, fomos tomados de alegria e descarregamos tudo neste show, que com o salão lotado, fez meu olhos verem uma cena inesquecivel de todo mundo pogando, cantando, pulando com uma alegria sem igual. Eis que antes da música "Morre Brasil", relembro uma pessoa que fez desta canção de minha autoria uma de suas músicas favoritas e a transformou em trilha sonora de diversas manifestações de rua, como também seu refrão ser entoado durante as passeatas: Johni Galanciak. Foi pedido um minuto de silêncio, devidamente respeitado e até fazendo algumas pessoas saírem do salão por quase não conseguirem conter as lágrimas. Cisão, Sempre ele grita do Fundo "ÊRA JOHNI", repetido em uníssono por todos os presentes, seguida de uma salva de palmas estrondosas que já incitaram o Batera Chu a iniciar esta canção. Um momento que jamais sairá de minha memória mesmo. Punk rock também é emoção! E assim seguiu a apresentação até o final com tudo correndo bem.

Saldo Final: Todas as despesas de aluguel de equipamento pagas, Assim como todas bandas tomaram um goró e ainda sobrou uma graninha pro coletivo xerocar seus fanzines ao longo do ano - Lembrando que quando se paga entrada em show punk você está SIM investindo na cena e o retorno é palpável, audível e concreto. Bastante doações de roupas arrecadadas e já devidamente encaminhadas a seus destinatários: Moradores de Rua. Nenhuma briga. Nenhum prego arrastou, afinal ficaram todos do lado de fora. Principios de bate boca se limitaram ao ambiente da calçada pra fora, onde os que tinham alguma esperança de que a portaria fosse liberada permaneciam ali esperançosos de que pudessem adentrar ao som que eu, pessoa que eles Odeiam, organizo. E pelo fato de me odiarem sempre fazem questão de fazer merda. Portanto, tô suave de ter dó de quem só quer me ver pelas costas, na moral, enfiem a dentadura no cú e sorri pro caraio, como diria nosso mestre Away!

A banda Phobia Punk Rockers não tocou, em razão do Vocalista ter batido o carro durante o caminho para o som ainda em São José dos Campos, sua cidade, mas nada demais ocorreu com o mesmo, apenas com o carro. Porém o Guitarrista Demente (também do Juventude Maldita) foi até o som para dar uma satisfação e principalmente tomar uma pinga conosco e curtir o evento. E enfim, se este evento teve a grandeza que teve, foi graças ao coletivo Neurotikas mais uma vez, que empenhadas na divulgação e nas correrias complementares do som, pode escrever mais esta página em sua história e inserir mais um grande acontecimento em seu Currículo. É nois nessa porra sempre, meninas. E quem fala mal delas automaticamente fala mal de mim, hein!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

COCK SPARRER - CARIOCA CLUB, SÃO PAULO, 03/09/2011 - E SUAS CONSEQUÊNCIAS...

Flyer do Evento

Cock Sparrer ao Vivo!

Valeu Johni! ÊRAAAA!!!



Faz tempo que não coloco resenha de show gringo nessa bagaça. Também, pudera, ando mais duro do que pau de tarado e não tenho tanta grana para ficar investindo nesses luxos. Este ano fui só no Stiff Little Fingers, que a resenha que melhor resume o que foi o show você pode conferir no excelente blog do meu amigo Danillo Santos, o Inflamable Material (Link da Resenha: http://inflamablematerial.blogspot.com/2011/08/stiff-little-fingers-em-sao-paulo.html), e neste show o qual não só irei resenhar a apresentação da banda Cock Sparrer, como também as consequencias dos fatos relacionados a este evento.

Era, com certeza, o Show Gringo mais aguardado do ano. Afinal, a expectativa pela apresentação da banda era grande há anos, com os rumores e possíveis datas que eram apontados e depois esquecidos. Mas, com o flyer circulando, a alegria de ver esta clássica banda estaria garantida. Ao mesmo tempo que muita gente já começava a fazer circular os burburinhos de treta entre Punks e Carecas e Nazis e Cosplayers de punk e por aí vai. Era mais do que óbvio a circulação desses papos pela internet e pelo rolê em geral, afinal com certeza este evento juntaria Todos tipos de Punks e Skins imagináveis tudo em um mesmo local. Mas há quem tenha a mentalidade que o show é do Cock Sparrer, e não do público Brigando. Afinal, quem estava ali para ver o Cock Sparrer tocando por algumas horas esqueceu que era Punk, ou Careca, ou sei lá mais o que fosse. O que importava mesmo era o Show, era fazer valer o preço pago pelo ingresso.

Cheguei no local do show cerca de uma hora antes da apresentação da banda, programada para estar no palco ás 20 horas. Como já sabia que não seria boa ideia me envolver com qualquer galera que fosse, fui sozinho com um amigo Jornalista, aproveitando também sua carona. Desloco-me então para a fila e já comecei a ver os diferentes tipos que ali se posicionavam, todos convivendo em paz e cordiais entre si: Punks, Carecas, Street Punks, Trads, Sharps, ou simplesmente amantes do bom e velho Rock'n Roll. Do outro lado da rua, algumas bancas se posicionavam e não se largavam por nada neste mundo pois saberiam que alguma encrenca ali seria Iminente. Bancas de Street Punks, de Skinheads, e de... Neonazistas...

Quando, já na porta do Carioca Club, a poucos passos de adentrar no mesmo eu estava, vejo a banca de Neonzais Gritando e Levantando suas armas, como nas cenas de confronto de gangues de filmes. Afinal, chegavam quem eles estariam esperando: Os Punks e Skins antifascistas. Que estavam ali para ver o show também, porém por motivos lógicos de precaução e segurança resolveram colar num numeroso grupo para que, se acontecesse o que os rumores rezavam, ao menos estarem todos ali já preparados para o pior. O pior que aconteceu de fato.

Enquanto o corre-corre tomou conta da rua Cardeal Arcoverde, os presentes na fila aglomeravam-se para dentro do Clube, que já contava com uns resquícios de gás de pimenta, consequencia das cenas de guerra que reinava na rua. A porta do clube entreaberta, e eu, sufocado pelo gás e pela galera que se espremia ali dentro da bilheteria, esperando o aval da segurança pra liberar a entrada dos aglomerados, observava algumas pessoas correndo, se batendo, mas nada muito claro. O que deu para ver nesse meio tempo é que os Antifascistas, que estavam desarmados segundo fontes, foram recebidos a rojões, molotovs, facas e tacos de Baseball pelos fachos, e depois da explosão do primeiro rojão, explodiu o caos e eu fui conduzido pra dentro por quem não queria assistir ao quebra-pau.

Enfim, consigo adentrar ao clube meio apreensivo. Afinal de contas, amigos meus estavam ali naquela briga e por mais que eu evitasse tal situação, a preocupação sempre reinava em minha mente. Ligo para um amigo meu e ele me informa: "- O Johni foi ferido, foi parar no Hospital. Já já tô entrando e te explico melhor". Era sabido que alguém ia levar a pior nesta briga, mas não é nada agradável saber que um amigo está machucado e você ali no show se "divertindo".

O ambiente ali dentro era uma mistura de Paz com tensão: Gente que se odeia junta no mesmo lugar para ver uma banda que todos compartilham o gosto em comum. Todos ali dentro só queriam saber de uma coisa: Cock Sparrer. Só ali mesmo para você ver um careca pedindo "Licença, por gentileza" para um Punk Anarquista, no qual o mesmo dizia "Toda, pode passar", na maior finesse e espírito de cordialidade. Ninguém queria confusão ali dentro, apenas pular, cantar, pogar. Enquanto a banda não começava a tocar, uma discotecagem com os clássicos do OI! era o fundo musical para o Jogo de Futebol que passava no telão, entretendo os presentes. Estávamos em território inflamável, cheio de gasolina no chão, em que uma fagulha poderia colocar tudo para explodir. Mas de fogo ninguém queria saber, somente de cerveja. E por falar em cerveja, a luz se apagou, o telão subiu e a cortina se Abriu: Vai começar o show!

Nesse meio tempo, mais amigos iam entrando no show. Companhias que eu precisava ao menos para ficar ali do lado de dentro, para pogar junto, pular e agitar. Mas no semblante de cada um que entrava era visível apenas o sentimento de angústia, de dor, de preocupação com o ocorrido. Afinal de contas, por mais que estivessem ali dentro, a cabeça estava lá fora. Não há realmente como se divertir plenamente sabendo que um amigo está num pronto socorro, sangrando e ferido, sem saber se terá um amanhã para contar história. E esta angústia me contaminou. Mas não tirou em momento algum o brilho da apresentação da banda.

E os tiozões chegaram quebrando tudo com "Riot Squad", fazendo todo mundo pular que nem retardado e cantar verso por verso em inglês (ou tentativa de) e esquecer que o salão estava lotado e que haviam pessoas ao seu lado. Emendaram com "Watch your Back" mantendo a empolgação do público e atiçando ainda mais na seguinte música, a magnífica "Working". Veio então uma brilhante sequencia com "Sussed", "Get a Rope" e a clássica "Tough Guys". O Público presente parecia não acreditar no que estava vendo: era só clássico, um atrás do outro, sem encheção de linguiça, como ocorre na maioria dos shows Gringos. Parecia até que os caras da banda estavam adivinhando que aqui no Brasil pro show ser memorável tem que tocar aquilo que o público quer ouvir.

E tome "Argy Bargy", e dá-lhe empurra-empurra, bicuda e cotovelada, mas tudo na esportiva. Os hematomas são assunto para outra ocasião, o importante mesmo era cantar os refrões de "A.U.", "Chip on my shoulder" e "Running Riot", que não só fez a casa ir abaixo, como deu a marreta pro pessoal quebrar tudo na próxima, "I got your Number", uma das mais bacanas e aguardadas canções da noite.

O Show já tava com uma cara de "Do meio pro fim" quando "Because you're young" começou a ecoar pelo ambiente, e os mais velhinhos, ou sedentários mesmo, já procuravam as disputadas paredes do salão para se apoiar, mas continuar apoiando a banda, na cantoria a plenos pulmões. Eis que o Vocalista Collin McFaull anuncia a participação especial da noite: O Guitarrista Brasileiro Chris Skepis, que fez parte da banda nos anos 1980, para tocar... "Take 'em all"! E com 3 Guitarras! Era o peso a mais que faltava para que esse clássico abalasse as estruturas do Carioca Club, e com certeza era uma das canções mais esperadas da noite. E Encerraram a primeira parte do show com "Where are they now".

E show gringo que se preze tem que ter o Momento do BIS! Para este momento foram selecionadas as canções "Suicide Girls", a Óbvia, Indispensável, Épica, Magnânima e Ai-de-vocês-se-não-tocarem "England Belongs to me", que quem sabe da importância dessa canção nem precisa descrever como foi a reação e o êxtase do público a partir do primeiro acorde, e encerraram com "We're coming Back", deixando todo mundo com vontade de Mais 60 minutos de apresentação, e prometeram que logo logo estão de Volta para uma apresentação. Promessa é Dívida. Enfim, o Show em si foi Excelente!.

Na hora da saída, uma ingrata surpresa: Gás de pimenta na porta e na calçada para que o pessoal não ficasse ali "Embaçando", haja visto também o risco de um novo confronto, afinal tinha uma galerinha do mal de braços cruzados e com cara de cu, com camisetas que deixavam claro a posição política de extrema direita da meia dúzia, esperando alguém que fosse pra cima ou que eles pudessem prejudicar. Se foderam, não conseguiram nada e foram embora frustrados. Eu fui é pra minha carona para um ponto de ônibus bem longe dali para evitar cruzar com certos tipos ali presentes e fui pros braços da minha amada para uma festa de roqueiro doido.

No caminho para meu bairro, ligo para um amigo para saber de notícias do Johni. Fico sabendo então que Johni Fora esfaqueado, durante o confronto com os Nazis - aliás, ele foi um dos poucos que foram ali na linha de frente, mesmo sem nada, enfrentar os caras. Por mais que estivesse tudo bem, só restaria a todos descansar e aguardar por novidades. Novidades Péssimas que pipocam em mensagens de SMS em meu celular na fatídica manhã do dia seguinte. Todas diziam a mesma coisa: "O Johni Morreu". Era algo meio que esperado, mas ao mesmo tempo a gente preferia confiar em mais uma vitoriosa recuperação de nosso amigo. Mas desta vez, infelizmente, o revés foi definitivo.

Durante todo o dia, mensagens de Luto foram o fio condutor dos Facebooks da galera, não se falava em outra coisa. Aguardávamos por notícias sobre velório, enterro. E a mídia começava a afiar a faca para tirar mais sangue ainda desta história toda. Reportagens meio que superficiais da Globo e da Record foram os primeiros "Registros" do que aconteceu, mas o pior estava por vir.

Sou leitor assíduo do jornal "Diário de São Paulo", por causa do seu preço módico de 1 Real, seu formato de editoração e sua objetividade quanto ao assunto, sem deixar de ser informativo. Eis que abro o bendito Jornal, com a manchete sobre a Briga já devidamente estampada em sua capa e quando vou para a página correspondente á matéria me deparo com uma Manchete Sensacionalista que dizia: "Punk encrenqueiro é espancado até a morte por Skinheads". Lendo a matéria, deparo com informações completamente distorcidas, que diziam que ele era Nazista (e foi morto por um nazista, vê se pode), que era de uma Conhecida Gangue que é Unida com Carecas (Coisa que Johni Odiava), além de tachá-lo como se fosse mais um marginalzinho qualquer só por causa dos BO's anteriores que ele já tinha segurado, como o espancamento do "coitado" do estudante de 17 anos em 2007, que em 2009 jogou uma bomba na parada gay e no Meio deste ano Tentou assassinar moradores de Rua junto com sua gangue na pancada. Sim, o Estudante espancado pelo Johni era um Neonazista, perigoso e que está solto, pois a polícia e a justiça, naturalmente parciais em sentido á direita, fazem questão de favorecer mais ações deste tipo por parte dessas facções ridículas. Foi citado também o episódio que o Johni jogou um Ovo no José Serra. Enfim, a Jornalista (Ir)responsável pela matéria prestou um enorme desserviço á todos os leitores que compram tal publicação, por estar divulgando informações falsas.

Começou então no Facebook uma enorme campanha para que todos mandassem e-mails, ligassem na redação do jornal, infernizassem para que pudéssemos ter nossa voz enfim ouvida pelo jornal. A Jornalista que escreveu a matéria ligou para um amigo e marcou para a tarde do mesmo dia uma entrevista, a ser realizada por Outra jornalista mais competente e inteligente, digna de ser chamada de Jornalista, que foi realizada em minha loja aqui no Centro de São Paulo. O Diário de São Paulo do dia seguinte, apesar de não ter se retratado e ter assumido o erro, publicou uma matéria com todas as informações corretas e colocando as posições políticas de Johni da forma certa. E a Nova Jornalista Responsável (essa sim Responsável), além de nos ouvir, foi atrás da Família dele, comparecendo ao velório e obtendo informações fidedignas e verdadeiras, dando prosseguimento á cobertura do caso nos dias seguintes da forma correta e sem matar mais nenhuma vez nosso amigo.

Porém, lá vem os Gordos Gritões da hora do rush, Datena e Facciolli (ou FACHOlli), matarem nosso amigo a cada 5 minutos que passavam na telinha das donas de casa e dos cidadãos desinformados sobre o que é Punk e o que não é. O SPTV, da Globo, mostrou uma matéria sobre o caso e sugeriu aos telespectadores que, se vissem algum grupo de punks ou skinheads, denunciassem para o 181. Conhecidos recebendo ligações da polícia civil avisando que os shows Punks agora estão na mira das investigações... Começou então uma caça ás bruxas, uma temporada de assédio moral onde cada punk na rua é chamado de "Assassino", "Nazista", entre outras coisas.

Do lado nazista da história, Prenderam o sujeito que fora apontado pela principal testemunha, de acordo com as ultimas palavras de Johni, como o assassino do mesmo. Um cara que já foi punk e por causa de mulher começou a se envolver com a extrema direita e levar essa babaquice ás Últimas consequencias. E houve outra vítima também do lado dos Nazistas, mas que até o presente momento encontra-se internado em estado grave e a polícia procura o responsável (ou responsáveis) pela agressão que mandou o cara pro hospital. Resta Saber: Se pegarem o responsável pelas chapuletadas no Nazi, quem ficará mais tempo na cadeia? O Nazi, que tem as costas quentes e já aprontou um monte por aí, ou a pessoa que mandou o Nazi pra UTI?

Enfim, não estamos definitivamente em tempos favoráveis. Mas isso não quer dizer que podemos parar! A principal característica do Punk é justamente a resistência, e proporcionar mais cultura pras pessoas abrirem os olhos e exigirem seus direitos não é crime nenhum, diferente da carnificina promovida pelos Neonazistas todos os dias mas que ninguém dá a mínima. Violência nunca levou e levará a nada, mas a auto-defesa é necessária. E podem ter certeza: Se o movimento Punk existe há praticamente quatro décadas, não foi por causa da violência que ele continuou vivo e forte este tempo todo no mundo todo: Punk é cultura, é ação, é ativismo, é um estilo de vida. Violência é uma consequencia da ignorância das pessoas. E Punks Ignorantes, que praticam violencia gratuita, nunca foram bem vindos e não duram muito tempo. Daí migram pra grupos fascistas e o resto da história todo mundo já sabe. O Johni não era um anjo. Poderia até ser violento. Mas era uma violência de Revide. Revide contra os Nazifascistas, que fez de sua família em épocas de guerra se refugiar em outro país para não ser trucidada pelo regime. Revide contra o estado, que diante de uma ovada já fez coisa muito, muito pior não só com ele, mas com cada um de nós que paga imposto.

ÊRA PUNK! ÊRA JOHNI! VALEU POR TER FEITO SUA PARTE, O MOVIMENTO PUNK SERÁ ETERNAMENTE GRATO! UM ANARQUISTA NA PRÁTICA E GRANDE AMIGO!


domingo, 18 de setembro de 2011

CHAOZ DAY FESTIVAL, GALPÃO ESTUDIO - FERRAZ DE VASCONCELOS, 26/08/2011

Sub Existência!!!

Pé Sujus (Minha barriga ta cada vez mais buniiita)

The Bloodclots!


Filipeta do Bailinho!!!


E lá vai eu mais uma vez pra uma postagem atrasada neste bloguinho que todo mundo fuça pra ver novidade e não tem e quando tem ninguem vê! Foda-se, o Blog é meu e eu posto quando eu quiser hehehe. Se bem que este aqui que vos escreve está atolado até o pescoço com inúmeras correrias, portanto, nada mais agradável e oportuno que um domingo tedioso, vazio e sem um puto no bolso pra levar minha garota pra tomar um refresco para eu postar uma resenha sobre este evento que não poderia passar batido, por mais que os acontecimentos e polêmicas dos últimos dias sacudissem e ofuscassem os demais fatos ocorridos.

Este festival, o Chaoz Day, foi um dos shows da Tour da Excelente, humilde e verdadeiramente Punk banda norte-americana The Bloodclots, que fez uma turnê tocando pra punk em locais fora das rotas dos "Grandes Shows", só no suburbio ou nos locais já velhos conhecidos da Punkaiada. A expectativa era grande, mas na mesma semana do início da divulgação sai o Flyer do show do GBH, no mesmo dia e horário. Aí pensamos: -E agora? E Agora que vamos fazer essa porra desse som rolar mesmo, pois a banda está aqui pra tocar pra punk, e que por mais que o show do GBH fosse um grande evento, naquele mesmo lugar de sempre que ninguem reclama o preço da entrada, Nada foi tão sincero e verdadeiro como esse festivalzinho no coração do extremo suburbano da zona leste.

O dia começou bem cedo para nós que estávamos organizando esta gig. Ás 11 da manhã já estava Eu, Cesar (Guitarrista do Pé Sujus) e o carretinho que alugamos na Casa Punk, Lar e estúdio da banda Luta Armada, que Organizou o evento comigo e todo o restante da tour do Bloodclots, para recolhermos a aparelhagem a ser usada no som e os instrumentos, pedestais e Cases para que pudéssemos honrar ao máximo o horário de início da gig, que estava marcado para as 14 horas a primeira banda.

Tudo certinho e nos conformes, restava saber se todas as bandas contribuiriam com a presença no horário em que cada uma foi designada a tocar. Afinal, muitas vezes as próprias bandas fodem com o evento, chegando tarde de propósito com aquela coisa de "Não querer ser o primeiro ou tocar pra ninguém". Mas a primeira Banda, Raids, estava lá exatamente ás 14 horas. Um pequeno entrave fez o show atrasar em meia hora seu início, mas exatamente ás 14:30, o Raids já estava tocando. Por mais que não tivesse tanta gente ainda presente, a galera presente curtiu bastante a apresentação da banda, cujo baixista Adson saiu correndo após o término - Aproveitou seu horário de almoço para tocar nesse som! Arrebentou na apresentação e ainda se safou da punição do patrão hehehe.

Segunda banda a tocar, diferentemente do flyer que programava o THP nesta ordem e que não chegara ainda por motivos de trânsito enfrentado por sua van no meio do caminho, foi a vez da banda Jhaspion, mandando ver seu crossover/Hardcore pro salão ainda meio que vazio, mas com gente interessada em ver o som da banda e aos poucos mais pessoas foram chegando.

Enquanto o THP não chegava, aliás, nenhuma outra das bandas não chegava também, os horários iam sendo alterados. Mas o som ia rolando sem intervalo praticamente. Depois do Jhaspion, foi a vez do Atos de Vingança. Com um som cada vez mais pesado, cadenciado e puxado pro crossover, foi uma apresentação Curta e Grossa, um petardo atrás do outro, mostrando o maior entrosamento do batera Kaskadura com o restante da banda, proporcionando shows cada vez melhores.

Enfim, a galera do THP chegou e já foi diretamente direcionada ao palco para já na sequencia descarregar seu repertório igualmente curto e violento, mostrando porque é uma das bandas mais promissoras e influentes da cena da baixada santista mesmo com pouco tempo de existência. Pra quem nao sabe, THP é a abreviação para "Thrash Hungry Punx". E O salão aos poucos ia ficando mais cheio de gente.

Da série "Não tem tu, vai tu mesmo", em alusão ás trocas de horários e empecilhos pras bandas chegarem no horário, seria a vez do sub-existência. Mas como ainda não tinham chegado também, foi designada a única banda completa para tocar depois do THP: Esgoto. E sobre a apresentação da banda Esgoto eu sou suspeito para falar algo, ainda mais que se trata, na minha opinião, da melhor banda do Brasil. A Banda está cada vez melhor e, amparada pela ótima aparelhagem da Gig, fez um som poderoso e prazeroso de se agitar. Por mais que eu tivese fazendo as vezes de porteiro/Segurança/Recruta zero do evento, dava pra ouvir tudo claramente - E uma pescoçada aqui e outra ali para ver como tava lá dentro.

E o Sub-existência, que chegara logo após o início da apresentação do Esgoto, já foi encaminhada direto pro camarimzinho de afinação e montagem de ferragens e fez a sequencia com muita classe! Shows do Sub-existencia são meio raros, mas é sempre ótimo vê-los tocando, com as músicas que já são velhos clássicos do suburbio, como "3º mundo", "Fogo Cruzado" e "Mundo de Ilusão". O Salão a esta altura já tinha uma galera mais numerosa e que pogava sem parar ao som dos caras.

Em seguida, foi a vez do Lokaut! Já cansei de falar nesse blog que é uma das bandas linha de frente da cena, que estão cada vez mais firmando seu espaço na memória do Underground Punk rock nacional e que sempre que eles vão tocar, arrasta uma galera que canta junto os sons e tudo. Neste show Uma das vocalistas, a Kátia, Não pode comparecer. Mas a Mônica segurou os vocais e junto com a banda fez mais uma apresentação repleta de energia e convidativa ao pogo.

Enfim, a ordem do Flyer depois do Lokaut foi seguida á risca. Subiu no palco o Ódio Social pra detonar tudo! A noite já caia, uma galera em bom número já presente no local até que no meio da apresentação do Ódio Social acontece o que não deveria acontecer: Estoura a pele do Bumbo! A Gig fica parada por pouco mais de meia hora, enquanto o babão (Lokaut) fazia um remendo provisório pra banda terminar sua apresentação ao mesmo tempo em que a Marcia (Luta Armada), corria atrás de um taxi até Poá, Cidade vizinha, para providenciar outra pele de bumbo.

Pele de Bumbo trocada, correria feita e nervos a flor da pele por parte de nós, sofredores organizadores, Sobe ao palco Estado de Guerra. A Galera presente agitou do começo ao fim a apresentação da banda, que é outra que quase não toca, mas quando toca faz todo mundo sentir falta depois que acaba o som. Mandaram ver seus principais sons próprios, presentes nas coletaneas e no Split com o Luta Armada, e covers de Clássicos, como Kaaos.

Depois foi a vez do Pé Sujus, com este aqui que escreve totalmente esgotado, mas que reuniu suas últimas forças para fazer uma apresentação memorável. Foram 8 músicas, devido ao pouco tempo de palco para cada banda, mas mantivemos a energia e a empolgação do começo ao fim, e a banda teve uma receptividade do público melhor do que a esperada. Modéstia a parte, Minha banda É FODA e quero ver o filho da puta que vai achar ruim porque falei isso!

A Décima Primeira banda foi a The Squintz, que veio diretamente do Distrito Federal, com seu poderoso punk 77 autêntico que não deixa ninguém parado. A Banda é tão boa que meia hora de show foi pouco, Muito pouco, pouco até demais... Boas músicas, Bons instrumentistas e boas influencias fazem de bandas como essa essenciais para a cena e pra quem gosta de boa musica.

Penultima Banda da Noite, e uma das mais esperadas, foi a vez do Luta Armada. Outra banda que quando toca, não deixa ninguem estático em seu canto, o som é um autentico convite ao pogo. Uma banda que tem estilo próprio, peso, espírito Punk. Tem Presença de Palco, tem carisma, tem humildade. E Tem gente que fala mal ainda, como pode? O Show foi curto, só que mais curto do que deveria: Apenas 6 músicas, devido ao horário avançado do evento. Mas foi uma apresentação realmente Foda!

Encerrando a noite, a banda mais esperada: The Bloodclots! A banda, que esteve do começo ao fim no meio da Punkaiada, Tirando Fotos com a galera, pogando o som das outras bandas e tomando as iguarias alcoólicas do nível de Velho Barreiro e Cantina do vale, subiu, enfim, ao palco. Os caras tocam pra caramba, São carismáticos, doidões e verdadeiramente Punks, totalmente sinceros em sua proposta. Vieram do Próprio bolso para cá, trocaram suas escalas de trabalho para as datas casarem e poderem vir fazer esta tour, e ainda por cima fazem um Punk Rock/Hardcore de Primeira! A Galera toda que insistiu em ficar até o final pogou do começo até o fim e era recompensada com mais empolgação e energia da banda, que sempre parava entre uma musica e outra pra trocar uma ideia com a galera.

Saldo Final: Nenhuma Briga (Só o Cisão, amigo do Blog, chapado e perdendo um pouco a noção do que fazia, mas nada demais), Nenhum prejuízo (Deu pra trincar a casa e descolar uma ajuda de custo para a banda), Público não muito grande, mas somente gente firmeza no baguio, vindo até mesmo algumas pessoas do Interior, e Muito cansaço no final do evento em nós, organizadores sofredores e Punks acima de tudo. Quem foi no GBH simplesmente PERDEU! Não é nada fácil fazer um festival Punk totalmente Faça-você-Mesmo com banda gringa, no subúrbio e com 10 reais na entrada. Por mais que seja difícil, a gente fez. E não fique falando que a gente se acha por que fez, cala a boca e vem ajudar a gente que o que precisamos mesmo é mais gente empenhada pra fazer essa porra de cena andar e ser cada vez mais forte. ÊRA SUBURBIO!