segunda-feira, 13 de junho de 2011

Verdurada – 05/06/2011 – Ego Club, centro de São Paulo

Flyer do evento! Os caras capricham até nisso!


E lá vou eu aproveitando que me sobra tempo em abundancia para atualizar essa budega cada vez mais e com mais frequência! É bom que os que reclamavam que não tinha postagem nova havia meses agora deparam-se com três postagens enormes numa mesma semana. Não sei se conseguirei manter este ritmo, mas adote a Inconstância como critério temporal de postagens neste blog. Só que a partir de agora o que importa de verdade é dizer que a Verdurada, evento Importantíssimo na cena Punk/hardcore/Vegan/Straight Edge/Libertário/político/Risca Faca Ganha uma resenha nesse blog.

Ok, quem me conhece muito bem sabe que fui açougueiro por 10 anos e voltarei a sê-lo se necessário, e sou um grande entusiasta Da Fundação Meavels (a maior no mundo todo explicitamente pró-carne). Adoro um bom churrasco, uma boa carne e qualquer coisa que não diga aiai quando eu mordo e estou no meu direito de defender o consumo da carne, pois é o mesmo direito que tem os que pregam o boicote ao consumo da carne. Lógico que dentro do contexto straight edge, que inicialmente era apenas algo relativo a ser Livre de Drogas – o X era desenhado na mão de menores de idade em shows hardcore na década de 1980, para identificar as pessoas que não poderiam consumir bebidas alcoólicas, e o X da questão (e da mão) foi adotado espontaneamente por pessoas que não faziam questão nenhuma de ingerir álcool ou drogas e sim, iniciar uma nova era de conscientização contra estes males, o alicerce do movimento straigh edge – A defesa aos direitos dos animais, (principalmente á vida dos mesmos, que engloba o combate á matança e maus tratos sem falar da exploração que muitos deles sofrem) se tornou característica bem evidente desta vertente bastante atuante no cenário Hardcore mundial. Eu comer carne e o evento pregar o contrário do que eu penso em relação á isso não me impediu de comparecer á verdurada, afinal o que importava mesmo era ver as bandas (menos o cólera), rever os amigos, comer as iguarias veganas (que substituem bem a alimentação com carne, pra quem é adepto) e tomar mupy, coisa que não fazia desde quando eu era pequeno e comprava da tiazinha do carrinho do Yakult que também vendia esse negosso bão pa caraio).

Pouco depois das 17 hs chego ao recinto, o ego club, bordel desativado que abriga inesquecíveis esbórnias hard rock regadas a putaria no dark room e open bar quase a noite toda, ao som de bandas covers de Hard Rock farofa, com muito menino vestido de Sebastian bach ou Axl Rose e muita menina cheia de cachaça na cabeça agarrando quem vem pela frente – E você acha que não perco a oportunidade de vez em quando? hahaha. Logo na entrada percebia-se a mobilização dos Straight edges, Muito bem organizada, para que o evento role bem – E em som punk a mobilização é pra pegar de porrada um suposto pilatntra de acordo com os critérios de uma banca de panacas – Com pessoas se revezando na bilheteria, na colocação das pulseiras que possibilitavam entrar e sair do local, no “Bar” (aliás, lanchonete)... Todo mundo colaborando com todo mundo, talvez esta seja a fórmula do sucesso de cada edição do evento que já é tradicional na cena e sempre, sempre, sempre lota de pessoas que em toda edição tem a certeza de uma boa organização. O horário das bandas estava afixado logo na entrada e começava sempre conforme o combinado, além dos avisos “Sem álcool e sem cigarros por favor” e uma desnecessária placa de “Vai Corinthians” que além de feia não surtiu efeito pois o Corinthians apenas empatava naquela tarde com o Flamengo em 1 a 1. Mas vamos ao que interessa, as bandas!

A primeira Banda foi a The Pushmongos, banda relativamente nova mas que já está fazendo seu estrago na cena com um som forte, empolgante e bem tocado. Não acompanhei a apresentação por completo mas o pouco que vi foi suficiente pra eu tirar essas conclusões. Não sei se eles tem algo gravado mas pode procurar, se tiver algo gravado pare pra ouvir que é bem bacana.

Na sequencia veio a banda Ralph macchio com um hardcore porrada! Um tímido moshpit se formava no salão lotado do ego club, ao som bem tocado da banda que empolgava os presentes e com uma sacada bem legal de colocar uma fala de filme entre uma música e outra (Seriam os filmes do tal do Ralph Macchio?)

Terceira Banda a se apresentar, a Positive youth, que já conta com um público fiel dentro do cenário Straight Edge e também no cenário Hardcore em geral, mostrou o porque é uma das mais importantes de tal cena. O moshpit ficava cada vez maior e a movimentação da banda no palco era um show a parte, com os integrantes (principalmente o vocalista) de um lado e pro outro, esbanjando vitalidade (por um lado não beber tem um ponto positivo hahaha).

Abduzido por amigos, fui dar aquela saidinha pro lado de fora do salão perto do fim da terceira banda, e não me deparo com um show surpresa de uma banda de Bagaceira ao Extremo? Uma espécie de Grindcore que tinha até umas passagens de Death Metal. Sim, na calçada do outro lado da rua, fazendo surgir um grande bolo de gente para assistir ao show da Dupla (Um batera e o insano Guitarrista e Vocalista), que gostaria de saber o nome, pois em minha opinião foi a melhor banda da tarde! Dias depois fico sabendo que se tratava da banda Test, que costuma "Participar" e "Abrir" vários eventos importantes, mas do Jeito Deles: Encostando a kombi na calçada e mandando ver. Por mais que boas bandas estivessem tocando lá dentro, só esta corajosa intervenção musical já valeu pelo rolê todo! Infelizmente, como a rua é de todos e temos o direito de ir e vir e livre arbítrio garantido pelo nosso senhor Jesus Cristo, a apresentação terminou com a chegada de policiais segurando espingardas calibre 12, que não chegou a apreender ninguém pois após a derradeira ultima musica após a chegada a banda se prontificou em recolher rapidamente os equipamentos e se mandar. Só não entendi a necessidade e o porque de uma espingarda calibre 12 para que se encerre um show na rua. Talvez mais uma musica seria motivo para uma chacina, hobby favorito desta corporação que cada vez mais afunda-se em corrupção, violência e fascismo.

Adentrando ao ego club novamente, toma o palco a galera do movimento Passe Livre, para fazer uma palestra bem bacana sobre as lutas contra o aumento da passagem e a nova bandeira de combate do movimento: Mobilização pela tarifa Zero. Numa das postagens anteriores, cheguei a dizer que a luta tinha cessado... E fiquei muito contente em saber que aquela pequena fagulha de fim de fogueira não era um insucesso de fogo de palha, mas sim o início de uma grande chama de luta que cada um deve acender em si mesmo e chamar para si mesmo a responsabilidade de fazer valer a sua insatisfação contra esse sistema de transporte podre e totalmente dominado por empresários mafiosos. A tarifa zero se apoia no argumento Plausível de que: escola e hospital público são gratuitos, porque o transporte também não? Foi explicado minuciosamente porque vale a pena aderir á esta luta. Encantado com a palestra e com a atenção do publico que cobrava aos falantinhos de plantão que se calassem para não atrapalhar o andamento da palestra ( Tenta fazer palestra ou outra intervenção que exija atenção em Gig Punk...), testemunhei uma cena que vai gerar polemica, mas não posso deixar passar.

Estava eu encostado no balcão da lanchonete do evento saboreando um delicioso Hamburguer de soja (se eu falei delicioso é porque é bem feito, e não uns treco horrível de soja que vendem por aí) e enquanto isso o palestrante abre espaço para perguntas e/ou sugestões. Um garoto pede a palavra e sugere que o povo também reivindique a utilização das vias publicas para outros meios de transportes alternativos (afinal, planejaram as ruas para os carros, muito bem pensado), como Bicicleta, Skate, jegue, Cavalo... E quando ele falou no Cavalo uma gritaria de repreensão ecoou no ambiente, a palavra devidamente retirada do garoto e passada a outra pessoa. Eu encostado no balcão ouvi um buchicho de um perguntando pro outro atrás do balcão algo como “Quem foi que falou que cavalo é transporte?”, sendo respondido com “Aquele garoto ali de blusa preta da banda XPTO” (preservo o nome da banda pois foi aquilo que identificou o garoto). Tá certo que o cavalo sendo utilizado como transporte sob o ponto de vista dos vegans defensores dos animais é visto como exploração e com argumentos que provem que é fato o que se diz, ok. Mas o garoto foi infeliz em dizer aquilo, por mais que ele estivesse num ambiente que 90% das pessoas compartilhem dos mesmos ideais o mesmo não fez por mal, talvez não esperasse tal reação adversa ou não mediu as palavras (coisa difícil em calores de discussões, onde o raciocínio é apenas rápido e não lógico), por mais que ele disfarçasse e demonstrasse naturalidade, era visível o constrangimento que ele sentia naquele momento e os buchichos ouvidos por mim lembraram muito os pregos briguentos do role que ao ver alguém “suspeito” falam a mesma coisa antes de partir pra violência. Se o principio é liberdade e vendo que o garoto tinha boas intenções apesar dos Cavalos e Jegues, a repreensão não era necessária e se fosse questão de mostrar que aquela declaração não era de acordo com o ideal compartilhado pela maioria, que se fizesse isso de maneira amigável, fazendo um esclarecimento e apresentando o argumento do porquê daquilo.

Polemicas a parte, O periferia S/A subia no Palco para detonar um showzão ferrado! Não sou muito fã de periferia S/A e nem muito entusiasta de banda “Grande”, por serem considerados tão “Punks” e ao mesmo tempo tão distantes de nossa realidade, Mas esse show foi muito foda! Como eu estava de ressaca e já com umas pinga do bar do lado na cabeça (e ai de quem me barrasse na porta), mal dormido e cansado, assisti civilizadamente parado, amparado pelo balcão do buchicho comendo coxinha de soja e tomando mupy , mas minhas tripas pogaram por mim. Mesclaram musicas presentes no CD do periferia S/A com velhos clássicos do RDP, que fez o Ego Club ir abaixo. E no finalzinho, Atiçaram a galera com o início de “periferia”, mas só instigaram e saíram fora. Primeira pergunta de duas que fiz em menos de vinte minutos: Por quê o Periferia S/A NÃO toca na PERIFERIA? Talvez respondam dizendo que é porque Ninguem Chama, mas quem chama tem condições de fazer um som nos critérios exigidos de cachê e aparelhagem: Não tem ou se tem é precário. Se faz uma correria enorme atrás do que é exigido pela banda, se gasta uma puta duma grana, se cobra um preço alto em locais que dois reais são caros pra maioria dos “Punks’, se toma um prejuízo e ainda se aguenta a porra da banda “de nome” falando merda no seu ouvido e reclamando da “falta de profissionalismo” de quem jurava que sua banda favorita tinha postura e podia ser chamada de punk, ainda que com um pé atrás...

Como o cólera iria começar e eu não suporto esta banda, que foi a minha maior decepção que VI e senti – no coração e no bolso - (e já foi minha banda favorita, mas por praticarem coisas como acabei de mencionar entre outras presepadas muito piores, perdeu meu respeito) até cogitei a possibilidade de ir embora, mas lembrei que tem o jantar vegan no fim da Festa! Decidi permanecer ali mesmo tendo que ver aquela coisa no palco (e pessoas que idolatram aquilo – por isso que os bastidores da cena nos revelam coisas que fazem nossa convicção e radicalismo aumentar), mas esperando o rango sair! Mas como todo som Punk que se preze, tinha que ter goró. Mas Verdurada não é lugar de bebida alcoólica e me refugiei por uns minutos no bar do lado, chegando a fazer a noiazice de pagar R$ 3,50 numa dose de maria mole, e depois serrar umas brejas dos igualmente beberrões amigos meus. Daí vem a segunda pergunta de duas que fiz em menos de vinte minutos: Por quê o João Gordo NÃO Pagou pra entrar? O cara chega com a comitiva dele e chega entrando como se estivesse adentrando seu banheiro... sendo que ele tem dinheiro pra pagar a entrada de todo mundo lá dentro e ainda dois hamburguers vegans para cada um (e não diga que não tem...). A resposta: Ele é o João Gordo, Oras... Admiro muito esse figurão, mas ele tinha que pagar a porra da entrada e pronto!

Depois de quase uma hora resistindo bravamente ao show do Cólera, com pessoas tendo orgasmo em cada música que era executada e com vários discursinhos incentivando o “ Faça você mesmo”, que não é suficiente prum show deles rolar (Pague você mesmo e vai chamar pra tocar com aparelhagem “faça você mesmo” pra ver se eles tocam...). Qualidade indiscutível do show, da técnica, do profissionalismo da banda, massss... não desce. Os primeiros felizardos apareciam com os pratinhos com o rango... e lá vai eu afoito correndo pra fila da fome que se formava na calçada!

O jantar (que não falo o que era por não saber os nomes dos pratos vegans – só sei que tinha arroz) estava Delicioso, e ainda ganhei um Mupy! Ótimo presente e Grand Finale prum exemplo de evento que é a verdurada, apesar das coisinhas que sinalizei. Nenhuma briga, incidente ou acidente. Acho que será muito, muito difícil eu relatar que houve briga na verdurada. Ser maloqueiro é legal, concordo. Mas na hora certa! Quando se trata de evento, de cultura, de divulgação de ideias, o maloqueirismo tem que dar lugar sim á consciência, coisa que garante um evento de sucesso, com respeito e reconhecimento na cena. Afinal de contas, os que avacalham os sons achando-se os mais punks do mundo quando não tem nada pra fazer ficam se lamentando que naquele fim de semana não tem um som pra ir... Até poderia ter, se quem organiza não ficasse de saco cheio.

Enfim: Parabens á verdurada, a longa vida da iniciativa se justifica. E na próxima vez, coloquem a banda de death metal da calçada pra tocar...

Um comentário:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkk... boa resenha.. mas eu gosto tanto do som do cólera.. eu pulei do inicio ao fim.. concordo... Verdura é foda. 4ª vez consecutiva que eu vou.. e sempre é muito bom.. soh não gostei do preço do hamburguer. 5 conto!!!! ¬¬ acho que era para pagar o cachê do cólera! ushauhsuahssa e isso aehh.. beijos!!!!

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