segunda-feira, 25 de julho de 2011

GRITOS SUBURBANOS, BAR VILA NOVA – ITU/SP – 24/07/2011

O cara além de fazer auto-promoção ainda fica postando foto da banda dele, esse feio é um lixo mesmo... hahaha


Flyerrrrr do bailinho


E olha que tinha muito mais gente do lado de fora. Êra Buteco! Êra suburbio!




O interior de São Paulo me surpreende cada vez mais a cada gig que compareço ou toco. Sempre algo que sei que nunca verei na capital paulista acontece ali e faz o evento em si ser marcante, apesar da pouca importância e relevância que dão aos esforços de quem faz as coisas acontecerem fora da capital. Posso citar como incomparáveis coisas como a energia do público nos shows na região do Vale do Paraíba (neste ano meio carente de grandes eventos punks e consequentemente o público se dispersou), Festivais como o Expressão Marginal, realizado nas regiões de Sorocaba e Votorantim (especialmente a primeira edição, realizado numa chácara distantíssima da civilização, verdadeiramente no Meio do Mato), a galera que comparece no Plebe Bar em Indaiatuba, a receptividade dos Punks do Rio de Janeiro, O sacrifício dos Punks do sul de minas gerais em encarar horas de viagem em vans que partem de várias cidades para uma simples gig numa cidade “próxima” , ou nem tão próxima assim – tirando de exemplo o “logo ali” de mineiro que são quilômetros –, a grandeza do Festival Araraquara Punk, que lota um espaço enorme com shows de bandas só da região , enfim... Muitos exemplos de muitos locais em que passei em que o Punk é levado a sério e com todo o amor e esforços a que se tem direito, afinal, como se sabe, se na capital já é difícil manter um espaço para realização de gigs, imagine em locais onde não se tem muitas opções de lazer. Mas ontem, duas coisas em especial me surpreenderam: Uma de forma positiva e outra de forma negativa. Pra não matar mais esta postagem maçante e chata logo no começo, no decorrer da resenha será dito o que foram estas surpresas e minhas impressões. Mas agora senta, que lá vem história...

Em mais um fim de semana tipicamente mundrungo, estilo de vida que tento deixar ou ao menos moderar a intensidade, sem sucesso. Na anterior noite longa discotequei para poucos e bons amigos no Porão, em Itapevi, no Arraiá Punk ( o rolê mais gostoso – em termos de sabor - do ano, com direito a muito caldinho de feijão, caldo verde, quentão, vinho quente e outras guloseimas), que ainda contou com Gringo e Daniel do Sp Paranóia e o Ariel (que já foi citado neste blog umas 89784379479437934797932793774327493293 vezes) no revezamento das pick ups do Virtual DJ, devido a um pequeno problema que impediu em partes o funcionamento do som de vinil - mas os mesmos clássicos estavam no HD do computador . Como o porão é muito, mas muito, mas muito Longe do Itaim paulista e haja vista a hora em que saímos de lá, era inevitável o que já era de se esperar: Iria Virado pro rolezinho na simpática cidade em que tudo é grande – e a cerveja é barata!

Por volta das meio dia, os ocupantes da caótica van (Integrantes do Pé Sujus e do Herdeiros do Ódio e uns convidados especiais para ajudar a tornar a viagem mais glamourosa e cheia de requinte) se encontraram na catraca do metrô Jabaquara e antes de irem para a van abasteceram o estoque de entorpecentes líquidos legalizados e sofisticados que deixa bafo e ressaca no entreposto do conglomerado do Abílio Diniz logo ali ao lado localizado. Em pouco mais de uma hora de viagem, chega-se ao destino: ITU.

O evento, denominado Gritos Suburbanos, pela quantidade de bandas prometidas no flyer (11 no total), parecia até um evento de grande porte. Mas era o segundo evento de um garoto que está começando agora sua jornada de luta prática e no movimento Punk e da forma correta. E, assim como ele, já fiz a cagada de colocar um monte de banda num evento com quase nada de estrutura. Mas só se aprende errando. Não que o evento tenha sido um erro – aliás, foi uma excelente iniciativa de um garoto chamado Danilo, que toca na banda Sujos por Opçao e tem 14 anos (!!!), o que me surpreendeu e muito – afinal somente o conhecia pelo velho de guerra Orkut (que Deus o tenha em breve). Depois desta eu nunca mais vou me gabar de ter organizado o meu primeiro som com 16 anos e vou usar este garoto como referencia hehehe... O problema em colocar muitas bandas num evento totalmente faça- você –mesmo- e -que-tomara-que-os-outros-ajudem é justamente a imprevisibilidade de tudo que for necessário estar á disposição e da ajuda que lhe foi prometida ser cumprida, além de mínimos detalhes que parecem idiotas serem cruciais para a realização do evento (como ter tudo, menos um benjamin, uma tomada a mais ou um ridículo fusível de 2 amperes que poderia substituir um item igual queimado no único ampli de guitarra que tem para ser utilizado na gig num domingo a tarde, onde tudo está fechado e longe do alcance), acarretando assim em atrasos e consequentemente no tempo de apresentação de cada banda, que no final das contas nem todas gostam de colaborar em termos de redução de repertório. E quando achávamos que estávamos atrasados, chegando ás 15 horas (no flyer o início seria meio dia, e um esboço de horário foi enviado por mim ao Danilo uns dias antes para que começasse ás 14 hs com 40 minutos de palco para cada banda), vimos que ainda faltava coisas como Microfone, uma extensão a mais e ferragens de bateria. Tais problemas foram resolvidos em parte ás 16 horas, quando a primeira banda teve condições de iniciar sua apresentação.

Entre problemas, entraves, dificuldades e o ainda aprendizado do organizador, o evento seguia normalmente com a galera pogando e em grande quantidade. Mesinhas de venda de materiais faziam a festa de quem estava atrás daquele cd, ou daquele patch, camiseta, e por aí vai. Cerveja Guitts a 2 reais a garrafa (e reza a lenda que dependendo do buteco o litro da nova Schin é 2 reais) e muitas meninas bonitinhas, embora bem novinhas,assim como muitos meninos novos simbolizando a nova geração do Punk, e para vergonha dos velhotes que acham que não existe mais punk, eles que estavam ali fazendo toda aquela grandeza acontecer.

A primeira banda a tocar, Restos de aborto, de Tatuí, abriu o evento com seu repertório formado em sua maioria por covers e uma ou outra música própria, fazendo o minúsculo buteco ficar menor ainda em termos de espaço livre para circulação – estava tomado pela roda de pogo que ocupava cada milímetro do ambiente.A banda existe há 3 anos, tem uma demo de 3 musicas na praça e em entrevista-cobrança exclusiva de minha parte eles prometeram pro próximo ano um repertório só de musicas próprias – as 3 da demo, que ganhei, são ótimas.

E a empolgação do publico era tanta que não demorou para que o balcão de vidro do bar fosse logo quebrado pelo impacto da queda de pessoas que agitavam num espaço pequeno mas não via os limites do espaço. Nesta situação o dono do bar queria parar o som, mas pedi para que continuasse o som pois tinha muita banda que veio de longe e que bastaria algum tipo de barreira e pedir para que os punks pegassem mais leve no pogo – uma placa de madeira foi colocada em frente ao balcão e o som continuou, apesar das pessoas ainda agitarem como se não houvesse algo mais - e que agora poderia até machucar – perto da rodinha.

A segunda banda foi a Geraçao Ofensiva, com o novo baixista Josias. O repertório foi um pouco modificado, mas a banda está muito bem e o som redondinho, aproveito até para parabenizar o novo baixista pelo fato de mesmo ter pouco tempo de ensaio já está fazendo sua tarefa muito bem. As músicas do Geraçao estão na ponta da língua da galera da região, que cantava junto as musicas com a vocalista Ana, que se empolgou tanto que até cantou em cima do grande ampli de baixo em boa parte do show.

Terceira banda a tocar, a banda Condenados, do ABC paulista, já velha de cena e com nova formação (com destaque á vocalista Natália) mandou ver seu hardcore bem executado, curto e grosso, mas ainda que com um pé no freio. Já vi um show deles em Lorena em que as músicas estavam em uma velocidade que beirava o power violence, mas o som atual está mais pogante e com mais pegada. E o típico cenário do público dando os pulinhos de lado com os cotovelos para trás tomou conta do local.

A Quarta banda, Herdeiros do Ódio, também fazia apresentação de novo integrante: O guitarrista Biel (ou charada, ou Carioca), que toca também na Kokeluxi Aidética e já passou pela Cegos pelo Ódio. O show foi bem curto, mas as músicas do Herdeiros do ódio estão longe se ser coisa que passe dos três minutos, afinal é puro Hardcore pra sueco e finlandês ver e morrer de inveja: Brutal, tosco, rápido, energético e sob efeito de muita caninha 21 comprada no pao de açúcar do Jabaquara. O estreante se saiu muito bem em sua missão e a banda voltou a dar trabalho pro já esbagaçado balcão , com eu tentando ajudar a proteger o que restava do mesmo dando empurrões no povo que se aproximava de forma mais brusca do coitado do balcão. Coisas de Punk.

Quinta e última Banda, foi a vez da Pé Sujus. Última por que? Depois eu conto. Só o que tenho a dizer agora é que tocar em buteco de periferia é uma das melhores sensações que uma banda punk pode ter, tanto que muitas bandas que tinham tudo para ser atrações exclusivas de casas renomadas e de estrutura, como é o caso de muita banda “correria”e “suburbana” não abrem mão de estarem ali tete-a-tete com o público com um equipamento simples e num local mais simples ainda. Mas o show de ontem teve sabor especial, negativa e positivamente. Negativo pois o guitarrista Cesar anunciou que saiu da banda e seguirá no shows marcados, até setembro, e já tocamos sentindo a falta dele e ele já sentindo a falta de mais momentos como aquele com frequência em sua vida. Mas, positivo, e muito, era ver que ali tinha gente que estava ali para nos ver. Que sabia cantar nossas músicas e com vontade, até mesmo as não gravadas e que só estão em vídeo tosco no youtube com qualidade mais ou menos de áudio. Que agitava freneticamente e tomava o microfone para cantar junto, que me fazia ficar mais empolgado e pular mais alto, instigando o público a fazer o mesmo. Até o dono do bar, vendo eu ali a seco cantando me deu uma valiosa garrafinha de água e ainda disse que gostou do som... parece até coisa de banda iniciante que começa a ver que tá dando certo. Mas valorizar o subúrbio, os pequenos detalhes, e as coisinhas mais bestas nos fazem ficar eternamente com esta sensação, até mesmo pela impressão de dever cumprido ao ver tudo isso e ver que é culpa sua – não importa quantas vezes. Depois disso preciso descrever nossa apresentação?

Enquanto a sexta banda, o Antagonicos, ia preparando sua apresentação e montando os equipamentos, algo que me surpreendeu negativamente rolava na rua: Um quebra-pau. Quebra – pau é sempre assim: um grupo ou pessoa briga com outro grupo ou pessoa e vem mais gente defender um lado, que atrai gente para defender o outro, enquanto que vem gente pra separar e toma soco de um dos lados e passa a brigar pelo outro lado que por outro lado já não tem mais nada a ver com a confusão pois outros grupos se formam no calor da discussão e o que se vê é um monte de gente gritando, debatendo e se batendo. A motivação, segundo os punks da organização eram os “punks velhos”que foram levar uma com os novos guerreiros, mas daí já não se sabe quem deu o primeiro golpe ou se era isso mesmo. O que se sabe é que a força tática não demorou a aparecer, dispersando os brigões, enquadrando outros, fechando o bar e ostentando suas espingardas calibre 12, como se este tipo de arma fosse necessário para separar uma briga. E desta forma encerrou-se o evento, infelizmente.

Saldo Final: das 11 bandas, 5 tocaram, 2 não vieram (protesto e fúria e Misfits cover) e 4 não tocaram devido á confusão (além do Antagonicos, Psicultura, Sujos por Opçao e QQSA ). Um balcão de vidro estraçalhado. Um final trágico para um evento lindo que acontecia, que poderia ter sido muito feliz se não ocorresse tal coisa desnecessária que é a briga. É a isso que a violência leva: Á perda de espaços, ao avacalhamento da diversão alheia e a deturpação da luta e do fruto do esforço de quem dá o sangue para as coisas acontecerem. Me surpreendeu isto pelo fato de eu ter saído de são Paulo para fugir destas patifarias que costumam acontecer aqui e ver uma em dimensão maior do que muitas que já tiveram por aqui. Mas aí não é culpa da organização, nem do bar, como pensaria a polícia, mas de quem não tem respeito pela luta de quem faz as coisas acontecerem. Meus parabéns ao Danilo e aos Meninos do Sujos por opção, de todo o coração, pela iniciativa. Por mais que estivessem ausentes em momentos necessários e bem perdidinhos, isto serviu para aprender a planejar melhor as coisas e irem com calma, com pé no chão. Brigas, dependendo do local ou do humor de um idiota qualquer serão meio que rotina e é preciso ver ações para que se previna ou minimize os efeitos de uma briga. Mas Não desistam. O próximo vai ser maior e melhor!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

PRÉ-MANIFEST 7 - CIDADÃODO MUNDO, SÃO CAETANO DO SUL - 09/07/2011


Flyer do bereguedéu

Pé sujus, Lindos e maraviosos



Dizer que tenho orgulho de ser punk estava meio inviável nos últimos tempos... afinal, como todos que acompanham esse blog já sabem, vivemos uma época em que todo mundo é punk por simplesmente achar legal, curtir um “rolê”, mostrar um visual, não colocar sentido nenhum na sua vida como punk, apenas sendo uma fase de auto-afirmação de sua vida (sempre coincidindo com a adolescência, fase de afirmação natural e biológica do ser humano) e de 70% dos casos de forma efêmera: Uns desistem, outros viram skinheads fascistas, outros viram Punks fascistas, se integrando a grupos que, por mais que ostentem o “A na Bolinha” na sua indumentária, não fazem porra nenhuma pelo movimento punk, ficam “fiscalizando” quem você é, com quem você anda e se achando no direito de querer ferir alguém com faca, tiro, ou matar simplesmente porque não segue aos critérios do manual de instruções da quadrilha pseudo-punk, que já inclusive consolida chavões e bordões típicos para justificar o injustificável, coisas como: “Fulano é pilantra”, “Fulano é safado” ou “Fulano dá a mão pra careca”. Pilantra é quem te prejudica diretamente,geralmente os “pilantras” nunca nem chegaram a 10 metros de distancia do acusador; safado é quem gosta de sexo; e quem dá a mão pra careca é muito burro pois se for pra decepar alguma parte do corpo que ao menos venda.

Enfim, esse tipo de gente, que sempre fez, faz e fará merda, diversas vezes me inspirou a perguntar a mim mesmo: Que porra que eu tô fazendo aqui no movimento punk, tirando dinheiro do meu bolso, fazendo as esposas dos integrantes da minha banda brigar com os mesmos pela frequência de shows que desencadeia na falta de tempo para a família, carregando aparelhagem nas costas e escrevendo para este blog? Poucos frutos positivos consegui dando o sangue pelo movimento Punk, de resto só gente invejosa falando mal de mim, parasitas de porta de galeria querendo me matar, usando os jargões há pouco citados, prejuízos financeiros e até mesmo físicos, machucando-me várias vezes carregando o peso de amplis enormes e instrumentos em ônibus – quem me conhece sabe do que estou falando.

Porém, a melhor coisa que fiz em toda minha vida como Punk foi conhecer os Punks das antigas. Que construíram esta cena, e que ainda nos ajudam, mostrando como se faz um movimento perdurar por décadas apesar dos pesares. E não só conhecer, mas ser reconhecido por pessoas que já comeram o pão que o diabo amassou pra manter essa porra viva forma mais uma injeção de ânimo. E trabalhar junto com os velhotes jovens da cena me faz ver na prática que o que estive fazendo nestes quase 10 anos de dedicação ao Punk é a legítima continuação do que eles fizeram para construir isto. Para ser punk, além da atitude, do senso crítico e da coragem, tem que ter acima de tudo amor a tudo o que se faz, que gera maior dedicação e maiores resultados e sede de viver, se colocando em seu lugar e tratando apenas do que interessa – e a vida alheia, tão interessante para os pregos, não nos interessa.

E antes que me perguntem onde está a porra da resenha, termino este testemunho emocionado do poder de Deus em minha vida graças ao suor vendido pelo pastor Waldomiro Santiago dizendo que uma das melhores experiências de minha vida foi ingressar no Coletivo Brancaleone Punk Rockers. Um legítimo encontro de gerações que está botando a mão na massa para que o Punk siga vivo e resistindo culturalmente, que se valorize cada vez mais e que gere mais união entre quem leva o Punk a sério, a ponto do público dar feedbacks e congratulações a cada evento por nós realizado, tendo o mesmo a consciência que pagar entrada é importante para cobrir despesas e que um mal entendido se resolve em conversa (ou em sexo), e não em porrada, facada, paulada ou rolo de macarrão. E sentimo-nos honrados em ter realizado no último sábado o Melhor evento do ano em minha humilde opinião e na de várias que ali estiveram – Há quem acredite que os festivaizinhos do hangar feitos por quem não sabe o que é se fuder pelo punk há muito tempo só visando lucro ainda são o supra-sumo dos eventos Punk. E olha que o ManiFest é só em novembro. Mas este evento de sábado foi só um petisco do que será este festival. Show das bandas e do Público.

Lá vai eu virado de mais uma noite de pinga pura com os Punx colombianos aqui presentes (Que renderá uma postagem sobre as dificuldades e as gigs deles por aqui em breve) e com uns rockeiros de praça que são a companhia mais divertida da periferia abrir minha loja atrasado para fechar cedo. Era dia de Muito, mas MUITO trabalho pró pré-manifest 7. Grande expectativa do coletivo e do público, este evento tinha tudo pra dar certo. E Deu! Mas logo na chegada á estação de trem quase que troco o otimismo pela lei de Murphy: Saindo do torniquete da estação de Trem de São Caetano do Sul, dou de cara com uma reunião de Carecas, uns 20, e passo vazado. Estava sem visual e assim achava que ia adiantar algo. Eis que escuto algo como “É punk, é punk” e aperto o passo sem olhar pra trás. Mas percebo a presença de uns três em minha bota e olhando para trás não estavam muito longe. Eu, com um contrabaixo e uma pesada mochila mostrei pra eles que eu posso ser melhor atleta que eles e ganho a corrida, afinal a distancia favorecia minha dispersão e eles também desistiram logo ao entrarem em uma rua movimentada. Depois de tirar o coração da boca e o empurrar de volta ás minhas entranhas, chego ao Cidadão do Mundo já bem arrumadinho e limpo para dar os últimos retoques, como montagem do som, início da discotecagem que embalou os presentes enquanto as bandas não começavam , ajustes na mesa de som e pré-montagem do palco, que foi concluída pelo Babão (Lokaut), cara que entende do assunto infinitamente mais do que eu, analfabeto musical, mas assim insistente.

Enquanto isso, Mara, á paisana, ia na estação e via que a carecada continuava lá na porta da estação, bem na saída. Já se fazia clara a intenção do grupo: Espancar Punks sozinhos ou em pequenos grupos que fossem chegando ou, quiçá, invadir ou avacalhar o evento. Depois que saíram da estação, foram para um bar numa rua atrás do som. Mas não fizeram nada demais e foram embora. Sabiam da Grandeza do evento e que poderiam sim levar a pior se fizessem algo. Curioso que nenhuma viatura da polícia ou da Guarda civil circulava pelos arredores, isto facilitaria e muito a ação do grupo em caso deles conseguirem agredir ou até mesmo matar alguém. Não se soube de ninguém agredido por esse grupo, que talvez se apoiou na manifestação do 9 de julho promovida por grupos fascistas para depois rumarem para lá...

O tempo foi passando, o público chegando e nada das bandas... todas a bandas já sabiam de seu horário, das recomendações e responsabilidades. Mas a grande maioria decidiu chegar justamente em cima da hora de suas apresentações. Mas desta forma, todos os horários foram seguidos á risca e tudo rolou sob controle. O Tempo de palco para cada banda foi de 45 minutos e o tamanho do repertório de cada banda foi determinado pelas próprias: Quanto mais tempo arrumando as coisas, afinando, enfeitando ou simplesmente enrolando, menos tempo teriam para tocar. Mas em geral deu pra todas as bandas que tocaram Apresentarem seu trabalho de forma satisfatória.

Primeira banda a tocar, a Adios Girl abriu o evento em grande estilo, apesar de como sempre na primeira banda ter pouca gente presente. Banda relativamente nova, não tinha muitas músicas próprias e apostou bastante em covers bacanas de Subviventes, Ramones e Garotos Podres. O som é muito bem tocado e a Vocalista/Guitarrista canta muito bem, bela voz e bela Garota hehehe...

Em seguida foi a vez do The Beber’s Operário, de Paulínia, que mandou ver um som próprio de qualidade. Todos os integrantes da banda já são veteranos de cena, o que proporciona uma maior qualidade e maturidade no som da banda, um Punk Rock clássico e empolgante com refrões marcantes. A casa ainda não estava com um grande público mas as pessoas iam chegando aos poucos e engrossando a plateia do Bebers.

Terceira banda da noite, o Amnésia Coletiva, de Jacareí, Chegou exatamente bem na hora de tocar e o que vos esceve aqui doido da vida na pressa de coloca-los no palco. A casa já estava relativamente cheia e eles mandaram ver um repertório que enfim formou a primeira roda de pogo da noite, com a galera que veio da região do vale do paraíba e dos presentes do local que já possuem o Cd Split com o Pé Sujus, cantando as músicas e participando ativamente do som que foi muito bem tocado, uma energia imensa emanada do vocalista lecão ao público e ao restante da banda fizeram da apresentação do AC algo surpreendente até a quem não conhecia a banda.

Quarta banda a tocar, o 88 Não! Fez uma apresentação dentro do padrão de qualidade da banda: Uma música atrás da outra, direto e reto, com vez ou outra uma pausinha para conversar com o público, que pogava e cantava junto as músicas da banda e os covers de bandas como 2 minutos ou Attaque 77.

Depois veio a banda Lokaut, com a casa já absolutamente lotada fazendo um show que consolida cada vez mais a banda como uma das que serão definitivas para o futuro do Punk rock: Apesar de existir há bastante tempo, a banda só engrenou mesmo após seu retorno em 2009, fisgando um público fiel e conquistando mais admiração por onde passam, e o show de sábado foi a prova disso. Esperamos ansiosamente pelo lançamento do CD em fase de finalização!

Em seguida, veio... hehehe... Pé Sujus! Casa completamente cheia. Gente que veio ali para nos ver. Aparelhagem boa. E me achando pra caralho, na moral, Arrebentamos! Melhor show nosso em anos! 10 músicas apenas, mas o suficiente para ver a maravilhosa cena do público pogando, pulando, fazendo coro e participando. Fazia muito tempo que não sentia essa energia e participação do público em show nosso aqui na região de São Paulo. No final, fizemos questão de cumprimentar o público com aquele abracinho de fim de espetáculo. Um sincero agradecimento á estas pessoas que nos fazem continuar cada vez mais confiantes. E faço propaganda mesmo, porra!

Sétima banda a tocar, a banda Esgoto, em minha opinião a melhor do Brasil, já veio de outro show na região da Vila Brasilândia. Mas a energia do show deles era sim cada vez maior e melhor, pois fizeram uma das melhores performances da noite apesar do cansaço de já terem tocado há poucas horas atrás. E o público deu show mais uma vez, pogando na paz (tinha até desafeto meu que morre de vontade de estourar minha cara, conforme última ameaça, quietinho pogando ao meu lado) e ajudando nos backin vocals dos hinos eternos desta banda simplesmente foda! Punk rock sem frescura, Punk rock na veia!

Enquanto a cerveja tinha já acabado e o público começava a exterminar as bebidas fortes que tinham no bar enquanto o novo lote de cerveja não chegava, o Deserdados montava seus equipamentos para iniciar sua apresentação, enquanto o polivalente operador leigo de mesa de som, integrante de banda, integrante da organização, controlador chato de palco, pogueador e cachaceiro também fazia as vezes de DJ - aliás, isto em todos os intervalos de bandas. O show do deserdados foi bacana especialmente pois foram apresentadas várias músicas do terceiro CD da banda, projeto existente e comentado há anos e que espero que agora saia de vez. Neste meio tempo, com a saída do ex-batera Jamaica, a banda ficou um tempo parada e voltou ano passado com baterista novo e esta apresentação mostrou até mesmo certo amadurecimento na performance do novo batera, maior entrosamento da banda e recuperação da qualidade do som – quando um integrante sai, não adianta, não fica a mesma coisa, é preciso muito trabalho pra retomar o mesmo nível. O público participou ativamente, tão ativamente que chegou até a tomar microfone para cantar as músicas fora do tempo e inverter estrofes. Mas isso não é ruim não. É sinal de que o evento estava era cada vez melhor!

Nona banda, era a vez do DZK, uma das bandas mais aguardadas da noite, fazer sua apresentação que todos já sabiam como ia ser: Muito foda. O Baterista Makarrão estava mais bêbado que o convencional e o som rolou meio que de forma arrastada. Mas quem ligava pra isso? O pau comia no palco e no pogo e eu já derrotado no mezanino da mesa de som arriscava uns passinhos cansados enquanto dispersava o povo que ficava avacalhando na passagem da área de fumantes para a escada.

Décima banda a tocar e a melhor surpresa da noite, foi a hora do Avante! Dizer o que: Punk rock do bom, do melhor, do ótimo, do excelente, do “mara”, do caralho! Muito bem tocado, extremamente empolgante, banda entrosada e carismática no palco. Ganhou um fã. E vários outros também... A casa já não estava tão cheia assim (sempre tem os que vão só pra ver as bandas mais conhecidas), mas isto não tirou o brilho da apresentação desta banda.

Neste caso, faltariam duas bandas para tocar: Filhos da Desordem e Total Terror DK. Mas a banda Filhos da desordem não pôde comparecer e a banda Kob 82 foi escalada para substituí-los. Mas no dia do evento, o vocalista Tatu ficou doente e a Kob também não pôde tocar. E no caso do Total terror DK, havia show na mesma noite com o Dance of days, outra banda do vocalista Nenê Altro, e não conseguiram chegar a tempo em São caetano. Seria o fim? Não! A solução veio da colômbia, estava no som pogando e tinha nome: KRH.

Décima primeira e última banda da noite, o KRH pegou instrumentos e peças de bateria emprestados e descarregou seu Crust violento pra cima dos que ainda insistiam em estar ali assistindo ás bandas, uma apresentação de qualidade destes guerreiros do underground que mereceu todo o apoio dado por quem se dispôs a ajudar.

Eram então 3 e meia da manhã e assim encerravam-se as bandas. Mas não o evento! Prevenido com sempre trouxe meu equipamento de discotecagem de última geração (um netbook véio com virtual DJ) e fiz uma discotecagem com o melhor do Punk 77 que aos poucos foi formando uma grande roda. Uma solução de emergência que fechou o evento com chave de ouro. O público estava tão empolgado que, quando comecei a tocar coisas como samba rock ou Tim maia, continuavam dançando. Tive que parar o som e gritar para que o povo fosse embora para que pudéssemos fechar a casa. Mas ainda teve quem ficasse. Estes aí pegaram na vassoura, na pá de lixo, varreram o chão, recolheram latinhas enquanto eu fiquei com a ingrata missão do banheiro masculino, lutando bravamente contra um troço de merda grosso que boiava no vaso (quem cagou aquilo deve estar andando com as pernas abertas até agora) que não ia embora, pelo contrário, o vaso entupiu (tinha um balde de lixo do lado do vaso, mas tem gente que pensa que privada é lixeira), sem falar nos papéis higiênicos espalhados no banheiro. Mas, se estava bagunçado, é porque o evento foi sim de extrema Grandeza.

6 da manhã, enfim, após bem mais de 12 horas de punk rock e trabalho, pudemos rumar á nossas casas, esgotados, mas felizes e satisfeitos. Afinal, um evento que não deu prejuízo, local e aparelhagem devidamente pagos, incrivelmente nenhuma briga pelo que se saiba, todo mundo feliz, alegre satisfeito e bêbado. Que venha o Manifest! É dia 19 de novembro, hein pessoal!