domingo, 23 de dezembro de 2012

Riistetyt - Galpão Estúdio, Ferraz de Vasconcelos, SP - 09/12/2012

 Flyer da Bagassa!

Povo Endoidando (Foto por Sueliton Lima)

Riistetyt on stage! (Foto por Simoni)

Show completo! (Por Bolaxxa)



7 meses depois uma postagem. Pois bem, já era de se esperar, este blog sempre foi algo inconstante e esporádico... um verdadeiro balde de água fria em quem torce contra: Quando achavam que eu estava já louvando ao Senhor, PIMBA! Lá vem o Feio!

Aconteceu MUITA coisa em minha vida: Sou um homem casado, afastado do rolê (embora continue produzindo uma coisa ou outra - esta sede é insaciável) e enquanto estou aqui catando os piolhos de memória recente que ainda vivem em minha cabeça pra elaborar esta postagem, minha esposa sente uma dorzinha ou outra, decorrente do fim de Sua gestação do meu Primeiro Filho! Sim! Vou ser pai! E espero que o pequeno Arthur espere eu concluir esta postagem para estourar a bexiga da mamãe e nos fazer todos correrem alucinados até o hospital que preste mais próximo. Casamento e paternidade mudaram minha vida 500%. Me fez enxergar quem são os verdadeiros amigos, as verdadeiras prioridades e trabalhar muito, mas Muito  mais mesmo do que já trabalhava. Mais um ciclo da vida que se inicia e agrega ao aprendizado que é Viver e conviver. E tudo isso meio que me impedem de frequentar com assiduidade este blog - mas hoje dei uma escapadinha e poderei fazer uma postagem não só impossível de deixar batida como já muito pedida pelos fãs e leitores: A resenha do histórico show do RIISTETYT aqui no extremo leste, a meia hora de casa e organizado por este que vos escreve...

Lembro perfeitamete dos idos de 2003, eu com meus 15 anos de idade mais ou menos, declaradamente Punk mas ainda adquirindo o início do conhecimento básico de som que possuo hoje, indo até a extinta Decontrol, a famosa loja do Fábio do Olho Seco,com suados 20 reais pra comprar um CD novo na galeria do Rock. Garimpando os CDs da Loja, vi um CD de uma banda que só conhecia pelo nome até o presente momento, embora já tivesse visto muito a galera usando camisetas e patchs da mesma. E como na época não tinha youtube ou internet fácil pra todo mundo, quem quisesse conhecer um som novo tinha que ir até a galeria e procurar algo na Decontrol, na Fora do Ar (Famosa por ter coisa que ninguém tem, a maio loja de CD pirata que já existiu e que quase foi pro saco por conta do advento da internet barata e fácil trazendo MP3 grátis a torto e a direito) ou na Estrondo (Em seu Auge, a meca dos Emos, mas nessa época ainda era uma loja boa pra quem quisesse som nacional original). Vi que era uma coletânea com 3 álbuns completos, o que seria suficiente pra conhecer legal esta banda. Era uma pirataria muito bem feita, capinha xerocada colorida a laser, mídia maxxel ( na época a mais cara das marcas populares de CDR)... e o preço? Fábio Dispara:

-15 reais.
- Mas é Cópia, 15 reais tá muito caro...
- Não saiu no Brasil, você só encontra na Gringa isso, ou só importado, Vai levar?

Tentado e ao mesmo tempo indignado por pagar tão "caro" (depois vi que realmente era uma mamata, quando tive loja vendi um EP em vinil desta banda por 45 reais e não dava pra fazer por menos), tirei meus trocadinhos e levei aquela coletânea do RIISTETYT pra casa - E como lá não tinha bala, levei o troco de Botton... E aquele CD virou minha mania! Ouvia aquela porra o dia inteiro e por mais que não entendesse porra nenhuma, era o que eu gostava de ouvir: Cru, sujo, oitentista, desgracento, enfim... PUNK! Virei fã de cara, embora outras bandas foram surgindo e acabei deixando o CD empilhado com os demais no meu ainda pequeno acervo - possuo o mesmo até hoje em ótimo estado - mas sempre que podia ouvia e pirava como sempre.

4 anos depois eles chegam no Brasil para uma tour - em 2007 - e fui num show em uma quinta feira na cidade de Campo Limpo Paulista. A acustica não estava muito boa, o som meio embolado e tive que ir embora antes do termino do show - em vão, os trens pra são paulo já tinham encerrado as operações e dormi na porta da estação de trem. Mesmo assim, era A banda dos meus 15 anos e o pouco que vi foi satisfatório pra Dizer "Eu já vi ao vivo" - Mal sabia eu que 5 anos depois eu estaria a frente de um show deles, dando risada, bebendo cerveja junto, auxiliando no backstage...

No fim de setembro um amigo da região sul, o Fernando da Experimental Distro/ Banda Sin Rejas, com o qual tentamos viabilizar a vinda da banda espanhola Non Servium ao Brasil (Sem sucesso, mas tentamos hahaha) me mandou uma mensagem pelo Facebook avisando que o Riistetyt estaria vindo ao Brasil para uma Tour em Dezembro e me mandou o Contato do Renan da Terroten records, que estava viabilizando esta Tour e cuidando da Agenda da mesma. De Pronto lá fui eu atrás de uma lacuna qualquer de datas que eu pudesse preencher. Renan então me passou a Bola para falar com o responsáveis pelos Shows em SP: Marcos, do Agrotóxico. E Lá fui eu mendigar uma data, quando vi que restava o domingo, dia 9 de Dezembro. Bati o Pé, insisti e consegui a data, após acertar (quase) todas as condiçoes pra realização do show. Queria mesmo era fazer em São José dos Campos, na Hocus Pocus, porém o local já iria receber um show do Tim Ripper Owens (ex- Judas Priest) no mesmo dia. Sondando um lugar, vendo as possibilidades de outro, acabei arriscando num local que sempre me abriu as portas e está a 30 minutos apé de casa: O Galpão Estúdio em Ferraz de Vasconcelos. Será que o local teria estrutura de aparelhagem, capacidade de pessoas e boas condições de aluguel para fazer este show? Quando fui lá confesso que perdi tempo na procura pelo local. Mas O tempo que perdi foi antes de ir lá procurando locais "maiores"e mais "Bem localizados". A proposta foi aceita de braços abertos, o sim foi dado na hora e o galpão entrou de cabeça junto comigo, providenciando tudo que o show precisasse para ser o evento histórico que foi.

Saiu a Notícia, então: RIISTETYT em Ferraz de vasconcelos! O Subúrbio da Zona Leste finalmente receberia esta LENDA HISTÓRICA do punk rock e choveu banda querendo abrir o show. Mas escolhi bandas que sempre estiveram lado a lado comigo e que mereciam sim estar ali dividindo o palco com aquela Lenda Finlandesa: Ódio Social - A banda do ano de 2012, na próxima postagem digo porque -, KRH - depois de tudo que estes meninos Colombianos agora moradores do Brasil passaram, nada melhor que este show pra confirmar sua redenção, KOB 82 - Banda que corre junto desde sempre, sem palavras além do que o Baixista Presunto elaborou o Flyer, e Amnésia Coletiva - Parceiros de Longa data, nada mais justo que presenteá-los com esta oportunidade.

220 ingressos foram colocados a venda e somente de forma antecipada - embora na porta surgiram uns disponíveis por conta do local ter segurado uns pra uma galera que ficou de pegar e não o fez, para alegria dos desingressados - esgotando dos pontos de venda (Garimpo Cultural, minha ex-lojinha; Essencia Skateboard, aqui no Itaim paulista, da amiga e Skatista profissional Cris Punk) uma semana antes do Show. Muitas fofocas sobre brigas, presença dos mesmos babacas atrasa lado de sempre e carecas afastaria algumas pessoas de participar desse evento... Mas é triste saber que tem gente que ainda dá credito pra Boato, perderam o show do ano! Deu tudo certo e a PAZ e o RESPEITO prevaleceram.

Chegou o dia do evento, como de costume cheguei cedo ao galpão para acertar as paradas. E já tinha MUITA gente nos arredores do local! Seja pra ver se sobrou algum ingresso ou para ser uns dos 50 primeiros que além de ganhar um botton exclusivo para estes 50 tambem teriam direito a concorrer a camisetas e CDS da FEIO RECORDS. Por volta das 16:45, a primeira banda sobe ao palco.

O Show do Amnésia Coletiva já contava com um bom público presente, prestigiando e agitando o som da Banda - Coisa rara de acontecer, um dos motivos da maioria das bandas não querer ser a primeira  a tocar é a indiferença do Público e muitas vezes acabar por ser "bucha de canhão" de aparelhagem. Mas a aparelhagem estava perfeita, a banda entrosadíssima e 800% no palco desferindo seu repertório cada vez mais presente na ponta da língua da galera e ainda me chamaram pra fazer a já clássica participação na música "Vida desgraçada" e tocaram um som da Falecida Pé Sujus aproveitando que eu estava lá no palco.

Em seguida o KRH assumiu o palco e executou seu potente e bagasseirístico repertório, atraindo mais pessoas pra dentro do local - e do pogo - numa apresentação bem empolgante, mas curta - dos 50 minutos de palco usaram pouco mais que 30... mas a banda é hardcore, crust, pitadas de grind, então foi mais que o suficiente!  Aliás o que me chamou a atenção é que TODAS as bandas deram o melhor de si no palco, se prepararam muito bem e seguiram todas as recomendações, colaborando para que este evento fosse a perfeição que foi.

Enquanto isso os caras do Riistetyt já haviam chegado ao local. Ficaram no "Camarim/Backstage"esperando sua vez de tocar? Nada... foram é tomar vinho de 2 real com os punks, tirar fotos, assistir as bandas... Lição de humildade pra muita bandinha pão com ovo nacional aprender.

Terceira banda, era a vez da KOB 82. Tantas resenhas que fiz que eles participaram, tantas vezes descrevi bem a apresentação deles, e desta vez não poderia ser diferente. Só tem um porém: Pode se passar os anos, KOB 82 já tá na história do Punk de suburbio nacional. O show deles foi prova disso: uma grande roda de pogo se abriu, cada vez mais pessoas cantando junto, e o detalhe que mais me chamou a atenção: O baterista Limão tocou pra caralho... com o Pé Engessado. O cara chegou e eu me perguntei: Como ele vai fazer? Depois que o vi tocando me perguntei: Como Pode? Que macumba é essa? Que venha logo o tão esperado Full Lenght da banda - que pude escutar umas pré-mix e adiantar que vai ficar Show de Bola.

Penultima Banda a tocar: Ódio Social, a banda de 2012. Por que Penultima?
A Banda trabalhou duro na cena este ano e é uma das maiores representantes da nossa geração. E Trabalhou mais duro ainda na divulgação do evento. Não fosse pelas postagens insistentes e compartilhamento do flyer de forma ostensiva no facebook, talvez este evento não tenha sido tão bem frequentado e SOLD OUT. Nada mais justo que agradecer desta forma. Não que as outras banda são "Ïnferiores" ou que não mereciam estar tocando neste horário - com a casa já 90% lotada. O Ódio Social fez por merecer por todo o trabalho junto ao evento. E Retribuiram este agradecimento levando a galera á loucura com seus pouco mais de 20 minutos de paulada Hardcore sem descanso, aquecendo bem o sangue da audiencia e mostrando o porque que estão voando cada vez mais alto.

Era a vez da banda mais esperada da noite. E enquanto eles arrumavam as coisas no palco, quem estava no lado de fora chegava pra preencher totalmente cada centímetro do local. Eu realizava o sorteio dos premios aos 50 primeiros. E quando via algum deles me abordando para obter alguma informação ou pedir mais uma garrafinha de Itaipava, lembrava do momento que comprei o CD deles na Decontrol. E por mais que eu as vezes fique indignado com falta de união e outras idiotices da cena, só o Punk mesmo pra me proporcionar aquele momento: Eu estava na minha quebrada trazendo uma das bandas da Minha Vida, fazendo 260 pessoas ( entre pagantes, bandas e acompanhantes) entrarem em delírio total, receber elogios e algumas pessoas me dizendo que aquele foi o melhor show que já foi na Vida. Só me restou Sorrir... e me equilibrar na ponta do palco enquanto eles dominavam o local hipnotizando umas pessoas, enlouquecndo outras, provocando não só um Mosh, mas uma Chuva de gente que caia do palco, se esborrachava no chão e sorria a cada hematoma adquirido - Dói pra caralho... mas é o Riistetyt, PORRA! Chegou a um ponto de eu ter que intervir e pedir no microfone pro pessoal que subia no palco colaborar e tomar cuidado... um subiu pra pegar no microfone e pisou no pedal que o Guitarrista Vege usava; Outro precisou levar uns murros do Vocalista Lazze pra ir de volta á plateia, pois quase cai sentado na bateria; outro resolveu brincar de pega pega comigo e esbarra bruscamente no baixista Piise, que também deu uma chapuletada no doidão pra ele se ligar. Mas depois o pessoal colaborou e apenas subia pra já pular e o show correu tranquilamente no palco - e no pogo o pau comia... carteiras se perdiam, óculos se quuebravam, narizes sangravam, camisetas se rasgavam. O Ponto alto foi na hora da canção mais conhecida da banda: Quando Piise dedilhou os primeiros acordes de "Mieletonta Vakivaltaa", Nego pulava de alegria como se fosse a melhor coisa que aconteceu na vida... e o pogo se estendeu até o final do salão, com uma participaçao especial improvisada: Abel, da banda Antagonicos, pegou um dos microfones e cantou junto com Lazze a canção inteira. Momento lindo do show, onde diante de tanta loucura da plateia os fotógrafos disputavam cada centimetro da ponta do palco pra registrar aquilo.

A apresentação teve direito a BIS, que serua de 3 músicas mas acabou estendido para 5 canções, pegando de surpresa os que já deixavam o local - e corriam arrependidos de volta pro pogo ao inicio do BIS.

Saldo Final: Evento PERFEITO. PAZ total. RESPEITO mútuo. Suporte total das bandas, do local. Boa aparelhagem, cerveja barata, alimentos vendidos no local. Galera da Zona Leste mas também de Santos, Itu (excursão), Jacareí, São José dos campos, Jundiaí e todas as zonas da região metropolitana. O Show mais parecia uma grande reunião de amigos do que um evento propriamente dito. Se todos os shows fossem assim, a cena punk de São Paulo seria um EXEMPLO para todo o Mundo. Foi sorte? Desta vez foi a postura de cada um que colou que fez desse evento o fato histórico que foi. Agradeço a cada um que foi por dar a esse evento a Grandeza que  teve. E que seja assim em muitos mais eventos. Foi um evento no ultimo mês de um ano conturbadissimo para a cena. Mas que seja o Inicio de um ano e de uma era de uma cena mais consciente, fraterna e que sabe onde está e o que está fazendo, a exemplo do que foi este show. Ah, sim... ganhei uma camiseta da Tour das mãos da banda. Lisonjeado é Pouco.